Neste poeminha bem engraçado, o poeta tcheco – que deve estar fazendo
falta ao povo de seu país nestes tempos de pandemia por coronavírus, pois
também era imunologista – concatena os “glóbulos brancos” do não-ser – a se espelharem,
designadamente, lá no fundo do espírito – à “crítica à razão pura”, expressão que
dá título a uma das mais célebres obras de Kant, publicada em 1781.
Apesar de a transcrição abaixo estar em inglês, para o leitor que busque
apreciar a redação no original em tcheco, vai aqui um link, mediante o qual se
pode ter acesso completo à sua obra “Interferon: čili o divadle” (“Interferon:
sobre o teatro”), de 1986, na qual se acha inserto o poema em apreço, especificamente
à página dezessete.
J.A.R. – H.C.
Miroslav Holub
(1923-1998)
Immanuel Kant
The philosophy of
white blood cells:
this is self,
this is non-self.
The starry sky of non-self,
perfectly mirrored
deep inside.
Immanuel Kant,
perfectly mirrored
deep inside.
And he knows nothing
about it,
he is only afraid of
drafts.
And he knows nothing
about it,
though this is the
critique
of pure reason.
Deep inside.
(Translated from the Czech to English
by Dana Hábová and David Young)
Immanuel Kant
(1724-1804)
(Michael Newton:
pintor inglês)
Immanuel Kant
A filosofia dos
glóbulos brancos:
este sou eu,
este não sou eu.
O céu estrelado do
não-ser,
perfeitamente
espelhado
lá no fundo.
Immanuel Kant,
perfeitamente
espelhado
lá no fundo.
E ele não sabe nada a
respeito,
somente teme os
rascunhos.
E ele não sabe nada a
respeito,
embora se trate de uma crítica
à razão pura.
Lá no fundo.
Referência:
HOLUB, Miroslav. Immanuel Kant. Translated
from the Czech to English by David Young and Dana Habova. In: McCLATCHY, J. D.
(Ed.). The vintage book of contemporary
world poetry. 1st. ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random
House Inc.), june 1996. p. 186.
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