Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 15 de abril de 2020

I. L. Peretz - Povos

Peretz, autor polaco de origem judaica, faz ressoar uma mensagem que se orienta a rejeitar qualquer forma de separação entre os povos, formulando, ainda antes das duas grandes guerras do século passado, a ideia da unicidade do humano, da inexistência de diferenças entre as cores de pele, uma vez que todos possuem a mesma natureza fundamental.

Com semelhante mensagem, temos duas belas composições, uma de um autor brasileiro – “O Sal da Terra” (1981), de Beto Guedes –, e outra do inglês John Lennon – “Imagine” (1971).

Mas a renitência do preconceito persiste até os dias atuais, sendo fomentada inclusive por líderes de países como o Brasil e os EUA: ou deveríamos fazer ouvidos moucos aos ataques à China, vindos de figuras abjetas como Trump, Bolsonaro e sua trupe, no sentido de que teria sido aquele país que criara o coronavírus para poder “dominar o mundo”, depois que a pandemia amainasse?! Teorias da conspiração sempre surgem nesse tipo de momento, externando aquilo de pior que existe no espírito humano.

J.A.R. – H.C.

I. L. Peretz
(1852-1915)

Povos

Mesclai todas as cores:
branco, preto e acobreado.
Porque os homens são iguais:
filhos de um mesmo pai e mãe.

E um Deus mesmo os criou.
E uma pátria e o mundo todo.
Que os homens são irmãos
bem o sabem o céu e terra.

Uma raça são os homens:
preta, branca e amarela.
Mudam apenas as cores,
mas a Natureza é a mesma.

Amarelos, brancos, pretos,
todos, todos são irmãos.
Latitudes, raças, povos,
são pura estória inventada.

O Massacre dos Inocentes
(Peter Paul Rubens: pintor flamengo)

Referência:

PERETZ, I. L. Povos. Tradução de J. Guinsburg. In: GUINSBURG, J. Quatro mil anos de poesia. Organização de J. Guinsburg e Zulmira Ribeiro Tavares. Desenhos de Paulina Rabinovich. São Paulo, SP: Perspectiva, 1969. p. 251. (Coleção “Judaica”)

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