Peretz, autor polaco de origem judaica, faz ressoar uma mensagem que se
orienta a rejeitar qualquer forma de separação entre os povos, formulando,
ainda antes das duas grandes guerras do século passado, a ideia da unicidade do
humano, da inexistência de diferenças entre as cores de pele, uma vez que todos
possuem a mesma natureza fundamental.
Com semelhante mensagem, temos duas belas composições, uma de um autor
brasileiro – “O Sal da Terra” (1981), de Beto Guedes –, e outra do inglês John
Lennon – “Imagine” (1971).
Mas a renitência do preconceito persiste até os dias atuais, sendo
fomentada inclusive por líderes de países como o Brasil e os EUA: ou deveríamos
fazer ouvidos moucos aos ataques à China, vindos de figuras abjetas como Trump,
Bolsonaro e sua trupe, no sentido de que teria sido aquele país que criara o
coronavírus para poder “dominar o mundo”, depois que a pandemia amainasse?!
Teorias da conspiração sempre surgem nesse tipo de momento, externando aquilo
de pior que existe no espírito humano.
J.A.R. – H.C.
I. L. Peretz
(1852-1915)
Povos
Mesclai todas as
cores:
branco, preto e
acobreado.
Porque os homens são
iguais:
filhos de um mesmo
pai e mãe.
E um Deus mesmo os
criou.
E uma pátria e o
mundo todo.
Que os homens são
irmãos
bem o sabem o céu e
terra.
Uma raça são os
homens:
preta, branca e
amarela.
Mudam apenas as
cores,
mas a Natureza é a
mesma.
Amarelos, brancos, pretos,
todos, todos são
irmãos.
Latitudes, raças,
povos,
são pura estória
inventada.
O Massacre dos Inocentes
(Peter Paul Rubens:
pintor flamengo)
Referência:
PERETZ, I. L. Povos. Tradução de J.
Guinsburg. In: GUINSBURG, J. Quatro mil
anos de poesia. Organização de J. Guinsburg e Zulmira Ribeiro Tavares.
Desenhos de Paulina Rabinovich. São Paulo, SP: Perspectiva, 1969. p. 251.
(Coleção “Judaica”)
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