Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 14 de abril de 2020

Paulo José Cunha - O Infinito

O poeta se mira em outros artistas, quer da palavra, quer da música, quer ainda do cinema e do teatro, para avocar situações que são bem terra a terra, que em nada apontam para um horizonte de eternidade a que tanto ele ousadamente aspira, ainda que limitado, conforme sua própria elocução, a “caneta, papel e dois tostões de poesia”.

É que o seu mister artístico é bem mais amplo, beirando o infinito: um desassombro que o faz sonhar com o Olimpo da poesia, lá onde já se fixaram nomes que cintilam aos olhos dos simples mortais: Dante, Shakespeare, Camões, Pessoa, Whitman, Borges, Drummond e muitos outros. Logrará sucesso o autor em sua busca de prestígio?

J.A.R. – H.C.

Paulo José Cunha
(n. 1951)

O Infinito

Tomei por arte
a pretensão do infinito
e uma ousada aspiração de eternidade

Mas vejo Hemingway
os dois canos da espingarda na boca
Villa-Lobos passando giz no taco de bilhar
Picasso segurando aquela sombrinha
A mão ingênua de Pasolini apoiando o queixo
Rimbaud traficando armas na África
Fellini de pés descalços numa praia de Rimini

E eu aqui: caneta, papel
e dois tostões de poesia

O infinito é maior

O Reconhecimento sem fim
(René Magritte: pintor belga)

Referência:

CUNHA, Paulo José. O infinito. In: MENEZES DE MORAIS, José (Org.), Mais uns: coletivo de poetas. Brasília, DF: Compukromus, 1997. p. 160.

Nenhum comentário:

Postar um comentário