Eis aqui um poema com definições antitéticas aos pares, buscando definir
ou conceituar o que seja um poeta, alguns dísticos no limite do paradoxal. Por
exemplo, como acreditar e não acreditar ao mesmo tempo? Somente com crenças
sobre características distintas no domínio da poética, penso eu, mas não sobre
um mesmo ponto, pois incorreríamos, s.m.j., em contradição.
Uma observação: em vários sítios poloneses na grande rede, como neste aqui, aparece mais uma parelha além das 6 (seis) exibidas na obra em
referência, posicionada entre os 4º (quarto) e 5º (quinto) dísticos abaixo: diz
ela “poetą
jest ten co ma usta / i ten który połyka
prawdę”, isto é, “poeta é quem tem boca / e aquele que engole a verdade”.
J.A.R. – H.C.
Tadeusz Rozewicz
(1921-2014)
Who Is a Poet
a poet is one who
writes verses
and one who does not
write verses
a poet is one who
throws off fetters
and one who puts
fetters on himself
a poet is one who
believes
and one who cannot
bring himself to believe
a poet is one who has
told lies
and one who has been
told lies
one who has been
inclined to fall
and one who raises
himself
a poet is one who
tries to leave
and one who cannot
leave
O Poeta
(Pablo Picasso:
pintor espanhol)
Quem É um Poeta
poeta é quem escreve
poemas
e quem não escreve
poemas
poeta é quem rompe os
grilhões
e quem impõe grilhões
a si mesmo
poeta é aquele que
acredita
e alguém que não
consegue acreditar
poeta é alguém que disse
mentiras
e alguém a quem lhe disseram
mentiras
alguém que tende a
cair
e aquele que se
levanta
poeta é alguém que
parte
e aquele que não pode
partir
Referência:
ROZEWICZ, Tadeusz. Who is a poet.
Translated from Polish to English by Magnus J. Krynski and Robert A. Maguirre. In:
McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary world poetry. 1st. ed.
New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), june 1996. p.
132-133.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário