Lowell tece comentários sobre a sua própria arte – a poética –, traçando
paralelos com outras artes, como a pintura, e mesmo com o ofício da fotografia,
quando então especula ser a vida algo monótona, mas não propriamente a poesia,
com os seus interessantes “instantâneos”.
O significado do poema, pois, resultaria da conjugação de dicção e
imagens, ou ainda, de linguagem e narrativa, sem perda de fidedignidade aos
fatos: o que há de “vivo” em cada momento deve ser o objeto imediato de “captura”
por parte do poeta, para que possa conferir a “graça da precisão” à sua visão.
J.A.R. – H.C.
Robert Lowell
(1917-1977)
Epilogue
Those blessèd
structures, plot and rhyme –
I want to make
something imagined,
not recalled?
I hear the noise of
my own voice:
The painter’s vision is not a lens,
it trembles to caress the light.
But sometimes
everything I write
with the threadbare
art of my eye
seems a snapshot,
lurid, rapid, garish,
grouped,
heightened from life,
yet paralyzed by
fact.
All’s misalliance.
Yet why not say what
happened?
Pray for the grace of
accuracy
Vermeer gave to the
sun’s illumination
stealing like the
tide across a map
to his girl solid
with yearning.
We are poor passing
facts,
warned by that to
give
each figure in the
photograph
his living name.
Menina com brinco de pérola
(Johannes Vermeer:
pintor holandês)
Epílogo
Essas benditas
estruturas, enredo e rima –
por que não me
auxiliam agora
que busco elaborar
algo
com a imaginação, não
com a memória?
Ouço o ruído de minha
própria voz:
A visão do pintor não é uma lente,
ela freme para acariciar a luz.
Mas às vezes tudo o
que escrevo
com a arte trivial
dos meus olhos
parece um
instantâneo,
vívido, premente, chamativo,
carregado,
intensificado em
razão da vida,
paralisado no entanto
pelos fatos.
Tudo são desditosos
enlaces.
Porém, por que não
dizer o que se passou?
Clame pela graça da
precisão
que Vermeer imprimiu
à iluminação do sol,
a avançar furtivamente
qual maré sobre um mapa,
até sua garota hirta
de desejo.
Somos pobres fatos passageiros,
por isso orientados a
dar
a cada figura na
fotografia
o seu nome vivo.
Referência:
LOWELL, Robert. Epilogue. In:
McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book
of contemporary american
poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books
(A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 21.
❁
Prezado J. A. Rodrigues, bom dia. Por gentileza, a tradução do poema de Lowell é sua? Preciso dessa informação, pois pretendo utilizá-la come epígrafe. Aguardo o seu retorno: robertoamaral001@gmail.com
ResponderExcluirPrezado Roberto,
ResponderExcluirA tradução é mesmo de minha autoria, como você pode verificar pela observação "Nota Sobre as Traduções", à esquerda do blog, haja vista que omito o meu nome em tais situações, somente apresentando o do tradutor, quando a versão for de outrem. Ok?! Dessa forma, disponha.
Um abraço,
João A. Rodrigues