Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 14 de abril de 2019

Ribeiro Couto - Poesia

Aos que atentam contra a boa saúde da poesia, Couto reverbera o estado melancólico dessa senhora, que ainda assim “abençoa a trágica doçura da vida”, a lançar palavras sobre o jardim das obras que as recolhem, preservando os inúmeros ‘insights’ que atravessaram as mentes desses autênticos visionários: os poetas.

Já vezes sem conta anunciaram o fim da poesia. Mas ela assemelha-se a uma necessidade vital, sem a qual o espírito humano pode arruinar-se, tornando-se árido, incapaz de interagir com o inapreensível, o inaudito, o imperscrutável –aliás, a parte mais bela do mágico mundo onde estamos imersos!

J.A.R. – H.C.

Ribeiro Couto
(1898-1963)

Poesia

E te envolverão com atitudes sinistras.
E desejarão secretamente a tua morte.
E atirarão sobre a tua cabeça
O riso fácil das incompreensões.

Entretanto, dentro de ti, indiferentes,
Como a chuva mansa caindo num jardim,
As palavras melancólicas de poesia
Abençoarão a trágica doçura da vida.

Em: “Um Homem na Multidão” (1921-1924)

Ponte do Príncipe: Melbourne (AU)
(Frederick McCubbin: pintor australiano)

Referência:

COUTO, Ribeiro. A poesia. In: __________. Poesias reunidas. 1. ed. Rio de Janeiro, GB: José Olympio, 1960. p. 137.

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