Ao que tudo indica, a pessoa que enuncia o poema – a poetisa, digamos – dirige-se
a um hipotético jurado, que a tudo ouvirá vindo de todas as partes – do magistrado, do acusado, das testemunhas, do promotor de justiça e do advogado de defesa –,
quando então descobrirá que a verdade é – como diria?! – uma construção!
Falta de objetividade, juramentos duvidosos, contradições entre depoimentos,
álibis suspeitos, discursos e mais discursos para tentar convencer o jurado –
em suma, um circo que, aparentemente, a poetisa costumava frequentar, dada a
sua formação jurídica, por mim ratificada por meio da grande rede.
J.A.R. – H.C.
Lee Robinson
(n. 1948)
The Rules of Evidence
What you want to say
most
is inadmissible.
Say it anyway.
Say it again.
What they tell you is
irrelevant
can’t be denied and
will
eventually be heard.
Every question
is a leading
question.
Ask it anyway, then
expect
what you won’t get.
There is no such
thing
as the original
so you’ll have to
make do
with a reasonable facsimile.
The history of the
world
is hearsay. Hear it.
The whole truth
is unspeakable
and nothing but the
truth
is a lie.
I swear this.
My oath is a kiss.
I swear
by everything
incredible.
O Júri
(John Morgan: pintor
inglês)
As Regras da Prova
O que mais queres
dizer
é inadmissível.
Dize-o de todo modo.
E outra vez mais.
O que te digam é
irrelevante
não se pode negar e
acabará
eventualmente por ser
ouvido.
Cada quesito
é uma quesito
importante.
Pergunta-o de todo
modo, e então espera
o que não obterás.
o que não obterás.
Não existe algo
como o original,
pelo que terás de conformar-te
com um fac-símile
razoável.
A história do mundo
é rumor. Escuta-o.
Toda verdade
é inexprimível
e nada senão a
verdade
é uma mentira.
Asseguro-te isso.
Meu juramento é um
beijo.
Asseguro-te
por tudo quanto é
inacreditável.
Referência:
ROBINSON, Lee. The rules of evidence. In:
KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York, NY: Penguin Books, 2006. p.
152.
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