Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 7 de abril de 2019

Hal Sirowitz - Os Benefícios da Ignorância

Parece que o filho andou a perpetrar malfeitos aos olhos do pai, que, nada contente, lançou-lhe esta réplica para ver se o rapaz retornava à linha de ações argutas. Pois, de fato, a ignorância jamais pode ser um tipo de felicidade, mas exatamente o oposto, isto porque não torna a pessoa livre para decidir a seu talante, senão apenas por influência da nem sempre bem-intencionada vontade alheia.

É bem verdade que a filosofia tem as suas “misérias”. Contudo, nenhuma se assemelha à insipiência ou ao obscurantismo que aureola a cabeça daquele que não é capaz de fazer os neurônios funcionarem em seu favor. Um exemplo? Estimemos quantos milhões de pessoas no Brasil se deixam manipular por pseudolíderes religiosos que, em vez de buscarem a escala dos céus, apenas se comprazem em extorquir os bolsos de pessoas carentes para, torpemente, cumularem os próprios bolsos?! E o pior é que esse povo vem tomando de assalto a Esplanada dos Ministérios! Pode isso, Arnaldo? Diria o Galvão... 

J.A.R. – H.C.

Hal Sirowitz
(n. 1949)

The Benefits of Ignorance

If ignorance is bliss, Father said,
shouldn’t you be looking blissful?
You should check to see if you have
the right kind of ignorance. If you’re
not getting the benefits that most people
get from acting stupid, then you should
go back to being what you always were –
being too smart for your own good.

A ignorância é felicidade
(Anton Slich: pintor russo)

Os Benefícios da Ignorância

Se a ignorância é felicidade, disse-me meu Pai,
não deverias estar parecendo bem-aventurado?
Deverias averiguar se tens
o tipo certo de ignorância. Se não estás
obtendo os benefícios que a maioria das pessoas
obtém ao agir de modo estúpido, então deverias
voltar a ser o que sempre foste –
ser bastante inteligente para o teu próprio bem.

Referência:

SIROWITZ, Hal. The benefits of ignorance. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York, NY: Penguin Books, 2006. p. 149.

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