Parece que o filho andou a perpetrar malfeitos aos olhos do pai, que,
nada contente, lançou-lhe esta réplica para ver se o rapaz retornava à linha de
ações argutas. Pois, de fato, a ignorância jamais pode ser um tipo de
felicidade, mas exatamente o oposto, isto porque não torna a pessoa livre para
decidir a seu talante, senão apenas por influência da nem sempre
bem-intencionada vontade alheia.
É bem verdade que a filosofia tem as suas “misérias”. Contudo, nenhuma
se assemelha à insipiência ou ao obscurantismo que aureola a cabeça daquele que
não é capaz de fazer os neurônios funcionarem em seu favor. Um exemplo? Estimemos
quantos milhões de pessoas no Brasil se deixam manipular por pseudolíderes
religiosos que, em vez de buscarem a escala dos céus, apenas se comprazem em
extorquir os bolsos de pessoas carentes para, torpemente, cumularem os próprios
bolsos?! E o pior é que esse povo vem tomando de assalto a Esplanada dos
Ministérios! Pode
isso, Arnaldo? Diria o Galvão...
J.A.R. – H.C.
Hal Sirowitz
(n. 1949)
The Benefits of Ignorance
If ignorance is
bliss, Father said,
shouldn’t you be looking
blissful?
You should check to
see if you have
the right kind of
ignorance. If you’re
not getting the
benefits that most people
get from acting
stupid, then you should
go back to being what
you always were –
being too smart for
your own good.
A ignorância é felicidade
(Anton Slich: pintor
russo)
Os Benefícios da Ignorância
Se a ignorância é felicidade,
disse-me meu Pai,
não deverias estar parecendo
bem-aventurado?
Deverias averiguar se
tens
o tipo certo de
ignorância. Se não estás
obtendo os benefícios
que a maioria das pessoas
obtém ao agir de modo
estúpido, então deverias
voltar a ser o que
sempre foste –
ser bastante
inteligente para o teu próprio bem.
Referência:
SIROWITZ, Hal. The benefits of
ignorance. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York,
NY: Penguin Books, 2006. p. 149.
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