Byron despede-se do amigo irlandês, também poeta, antes de partir para
aventuras pelo mar, ou melhor, em outras terras além-mar. Com tanto mar pela
frente, as palavras de Byron não deixam de ser inusitadas: estivesse ele
prestes a morrer de sede e houvesse no poço uma única gota de água, não
deixaria de brindá-la, dedicando-a a Moore, antes de suspirar.
Byron promete não se esquecer do amigo: mas veja-se lá que, por mais que
assim o prometesse, a vida arrastou-o muito brevemente para o outro lado, pois
veio a falecer com apenas 36 anos, em 1824, em terras gregas, onde, aliás, é
cultuado como herói, por sua luta pela independência daquele país.
J.A.R. – H.C.
G. G. Byron
(1788-1824)
(Retrato de Thomas
Phillips)
To Thomas Moore
My boat is on the
shore,
And my bark is on the sea;
But, before I go, Tom
Moore,
Here’s a double health to thee!
Here’s a sigh to
those who love me,
And a smile to those who hate;
And, whatever sky’s
above me,
Here’s a heart for every fate.
Though the ocean roar
around me,
Yet it still shall bear me on;
Though a desert
should surround me,
It hath springs that may be won.
Were’t the last drop
in the well,
As I gasp’d upon the brink,
Ere my fainting
spirit fell,
’Tis to thee that I would drink.
With that water, as
this wine,
The libation I would pour
Should be – peace
with thine and mine,
And a health to thee, Tom Moore.
(1817)
Thomas Moore
(1779-1852)
(Autoria Desconhecida)
A Thomas Moore
Está na praia o meu
bote,
Meu navio está no mar:
Mas antes que eu vá,
Tom Moore,
Quero em dobro te brindar!
Eis um suspiro aos
que me amam,
Aos que odeiam, um sorriso;
Qualquer o céu que me
cubra,
Enfrento o que for preciso.
Ruja o oceano em
torno a mim,
Em suas águas irei;
Um deserto me rodeie,
Nele a fontes chegarei.
Só uma gota no meu
poço,
E eu nas bordas a ofegar:
Antes de ir-se o meu
espírito,
A ti é que a vou tomar.
Com esta água e com
este vinho,
A libação que eu verter
Será – paz aos teus e
aos meus
E a ti, Tom Moore, vou beber.
(1817)
Referência:
BYRON, G. G. To Thomas Moore / A Thomas
Moore. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. In: __________. Poemas. Organização e tradução de
Péricles Eugênio da Silva Ramos. Edição bilíngue. 2. ed. São Paulo, SP: Hedra,
2008. Em inglês: p. 40; em português: p. 41.
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