Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 24 de abril de 2019

G. G. Byron - A Thomas Moore

Byron despede-se do amigo irlandês, também poeta, antes de partir para aventuras pelo mar, ou melhor, em outras terras além-mar. Com tanto mar pela frente, as palavras de Byron não deixam de ser inusitadas: estivesse ele prestes a morrer de sede e houvesse no poço uma única gota de água, não deixaria de brindá-la, dedicando-a a Moore, antes de suspirar.

Byron promete não se esquecer do amigo: mas veja-se lá que, por mais que assim o prometesse, a vida arrastou-o muito brevemente para o outro lado, pois veio a falecer com apenas 36 anos, em 1824, em terras gregas, onde, aliás, é cultuado como herói, por sua luta pela independência daquele país.

J.A.R. – H.C.

G. G. Byron
(1788-1824)
(Retrato de Thomas Phillips)

To Thomas Moore

My boat is on the shore,
And my bark is on the sea;
But, before I go, Tom Moore,
Here’s a double health to thee!

Here’s a sigh to those who love me,
And a smile to those who hate;
And, whatever sky’s above me,
Here’s a heart for every fate.

Though the ocean roar around me,
Yet it still shall bear me on;
Though a desert should surround me,
It hath springs that may be won.

Were’t the last drop in the well,
As I gasp’d upon the brink,
Ere my fainting spirit fell,
’Tis to thee that I would drink.

With that water, as this wine,
The libation I would pour
Should be – peace with thine and mine,
And a health to thee, Tom Moore.

(1817)

Thomas Moore
(1779-1852)
(Autoria Desconhecida)

A Thomas Moore

Está na praia o meu bote,
Meu navio está no mar:
Mas antes que eu vá, Tom Moore,
Quero em dobro te brindar!

Eis um suspiro aos que me amam,
Aos que odeiam, um sorriso;
Qualquer o céu que me cubra,
Enfrento o que for preciso.

Ruja o oceano em torno a mim,
Em suas águas irei;
Um deserto me rodeie,
Nele a fontes chegarei.

Só uma gota no meu poço,
E eu nas bordas a ofegar:
Antes de ir-se o meu espírito,
A ti é que a vou tomar.

Com esta água e com este vinho,
A libação que eu verter
Será – paz aos teus e aos meus
E a ti, Tom Moore, vou beber.

(1817)

Referência:

BYRON, G. G. To Thomas Moore / A Thomas Moore. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. In: __________. Poemas. Organização e tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. Edição bilíngue. 2. ed. São Paulo, SP: Hedra, 2008. Em inglês: p. 40; em português: p. 41.

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