Escrever poesias seria como o ato de fiar urdiduras nos tecidos, as
quais, muitas vezes, mal se podem ver quando deles nos encontramos distantes.
De outro ponto de vista, a depender do intricado do tecido, pode ele ou não
deixar entrever a silhueta do corpo que reveste.
Sobreleva aqui a todas as considerações o fato de que, por trás de todo
agir humano para se criar o tecido, resta o ruído azucrinante do tear ao fundo:
a depender da constituição da planta da fábrica em que inserta a máquina, junto
a muitas outras, seremos capazes de escutar a externalidade que mais se
aproxima a uma metáfora capaz de representar o chacoalhar do poema ainda na
mente do poeta.
J.A.R. – H.C.
Quando as almas deparam-se
(Tomasz Alen Kopera:
pintor polonês)
A estopa do poema
tecer o poema
como uma seda
onde o fio se anula
no fio e veda
toda a trama, embora
reste transparente
para quem a veste.
tecer o poema
como esta estopa,
onde a transparência
cobre mais que roupa
e o seu grosso, mais
do que esconde,
mostra
o áspero da fábrica:
seu ruidoso urdir,
o teor do tear.
Sem Título
(Melanie Authier:
pintora canadense)
Referência:
BRITO, Heládio. A estopa do poema. In:
BRITO, Heládio; MORAIS, Regis de et al. Oficina:
exercícios do ofício da poesia. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. p. 10.
(Edição Comemorativa Limitada)
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Hola, por favor, podes me dar mais informacoes sobre Heládio Brito. Seu nome está em uma das cronicas de Rubem Alves que estou analisando e nao encontro sua biografia. desde agora dou muchas gracias por qualquer informacao.
ResponderExcluirsaludos iluminados,
Marta Cosmo
Prezada Marta: seguem algumas informações que logrei obter da biografia do autor do poema em apreço, que, a julgar por notícias colhidas na grande rede, encontra-se ainda vivo e a residir no Jardim Guanabara, em Campinas (SP).
ExcluirHeládio José de Ávila Brito – Nasceu em Amparo (SP), em 29.5.1929; farmacêutico, poeta, industrial e ator cinematográfico, tendo atuado no filme “O profeta da fome”, de Maurice Capovilla (v. http://mostradofilmelivre.com/15/info.php?c=9486); fez parte do grupo fundador da Academia Campinense de Letras – onde ocupa a Cadeira nº 13, tendo por patrono o poeta Castro Alves –; na década de 70, integrou a Diretoria do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (SP).
Um abraço,
João A. Rodrigues
Muito obrigada, prezado João A. Rodrigues! Infinitas Benção Divinas para ti e tua família! Um abraço iluminado (Marta Cosmo)
ExcluirPrezada Marta: retribuo as intenções com a mesma intensidade. Um grande abraço. João A. Rodrigues
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