Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Rodolfo Alonso - Monumento a Maria Bethânia

Em poema com epígrafe associada ao filme “Maria Bethânia: música é perfume”, uma espécie de documentário mesclado com musical, dirigido pelo francês Georges Gachot (2005), o escritor argentino tece loas poéticas à cantora baiana, enfatizando os componentes de timbre e interpretação de suas aparições nos palcos.

Observe-se que Bethânia já se apresentou em Buenos Aires vezes sem conta e, talvez, o poeta a tenha assistido, presencialmente, em algum de seus shows, assim deduzindo a glosa epifânica que encerra as duas estrofes do poema: a voz e a luz que usam o corpo da cantora para se exteriorizarem – e, diria eu, por que não, vice-versa?!

J.A.R. – H.C.

Rodolfo Alonso
(n. 1934)

Monumento a Maria Bethânia
Música é perfume.
M. B.

En el aire, en el mar,
en lo neto del día
o la precisa noche,
sin crepúsculo nunca,
en Brasil que es un mundo,
en el mundo, en el mundo
crepitante y veloz
hay lugar para un mundo:
la voz que usa tu cuerpo.

Hay tono, hay densidad,
hay gravedad, hay timbre,
hay palabra que canta
y hay música que expresa
el latido que sientes.
Rige, Bethânia, ordena
el caos en sentido,
la altura en cante hondo,
la intensidá en aliento.
Ruge, Bethânia, ruge,
feroz delicadeza,
no hay poesía en los libros,
no alcanza la lectura,
oír no es suficiente,
y nada es suficiente
ni siquiera la música.
Porque del pueblo viene,
del humus de lo humano,
de la lengua hecha canto
la luz que te oscurece,
el resplandor orgánico:
la luz que usa tu cuerpo.

Olhos nos Olhos
(Letra e Música de Chico Buarque: 1976)
Excerto do filme “Maria Bethânia: música é perfume”

Monumento a Maria Bethânia
Música é perfume.
M. B.

No ar, no mar,
na transparência do dia
ou na precisa noite,
sem crepúsculo nunca,
no Brasil que é um mundo,
no mundo, neste mundo
crepitante e veloz
há lugar para um mundo:
a voz que usa teu corpo.

Há tom, há densidade,
há gravidade, há timbre,
há palavra que canta
e há música que expressa
a pulsação que sentes.
Rege, Bethânia, converte
o caos em sentido,
a altura em canto fundo,
a intensidade em alento.
Ruge, Bethânia, ruge,
feroz delicadeza,
não há poesia nos livros,
a leitura não nos sacia,
ouvir não nos basta,
e nada é suficiente,
nem mesmo a música.
Porque do povo advém,
do húmus do humano,
da língua feita canto
a luz que te enleia,
o resplendor orgânico:
a luz que usa teu corpo.

Referência:

ALONSO, Rodolfo. Monumento a Maria Bethânia. Fórnix: revista de creación y crítica, Lima (PE), n. 8-9, p. 317, jul.-dic. 2008. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 nov. 2018.

Um comentário:

  1. Maria Deusa Bethânia, representa a música brasileira. Consagrada e elogiada justamente pelos brasileiros. Eu amo Maria Bethânia. Que tenha muita vida e voz

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