Em poema com epígrafe associada ao filme “Maria Bethânia: música é
perfume”, uma espécie de documentário mesclado com musical, dirigido pelo
francês Georges Gachot (2005), o escritor argentino tece loas poéticas à cantora
baiana, enfatizando os componentes de timbre e interpretação de suas aparições
nos palcos.
Observe-se que Bethânia já se apresentou em Buenos Aires vezes sem conta
e, talvez, o poeta a tenha assistido, presencialmente, em algum de seus shows,
assim deduzindo a glosa epifânica que encerra as duas estrofes do poema: a voz
e a luz que usam o corpo da cantora para se exteriorizarem – e, diria eu, por
que não, vice-versa?!
J.A.R. – H.C.
Rodolfo Alonso
(n. 1934)
Monumento a Maria Bethânia
Música é perfume.
M. B.
En el aire, en el
mar,
en lo neto del día
o la precisa noche,
sin crepúsculo nunca,
en Brasil que es un
mundo,
en el mundo, en el
mundo
crepitante y veloz
hay lugar para un
mundo:
la voz que usa tu
cuerpo.
Hay tono, hay
densidad,
hay gravedad, hay
timbre,
hay palabra que canta
y hay música que expresa
el latido que
sientes.
Rige, Bethânia,
ordena
el caos en sentido,
la altura en cante
hondo,
la intensidá en
aliento.
Ruge, Bethânia, ruge,
feroz delicadeza,
no hay poesía en los
libros,
no alcanza la
lectura,
oír no es suficiente,
y nada es suficiente
ni siquiera la
música.
Porque del pueblo
viene,
del humus de lo
humano,
de la lengua hecha
canto
la luz que te
oscurece,
el resplandor
orgánico:
la luz que usa tu
cuerpo.
Olhos nos Olhos
(Letra e Música de
Chico Buarque: 1976)
Excerto do filme “Maria
Bethânia: música é perfume”
Monumento a Maria Bethânia
Música é perfume.
M. B.
No ar, no mar,
na transparência do
dia
ou na precisa noite,
sem crepúsculo nunca,
no Brasil que é um
mundo,
no mundo, neste mundo
crepitante e veloz
há lugar para um
mundo:
a voz que usa teu
corpo.
Há tom, há densidade,
há gravidade, há
timbre,
há palavra que canta
e há música que
expressa
a pulsação que
sentes.
Rege, Bethânia,
converte
o caos em sentido,
a altura em canto
fundo,
a intensidade em alento.
Ruge, Bethânia, ruge,
feroz delicadeza,
não há poesia nos
livros,
a leitura não nos sacia,
ouvir não nos basta,
e nada é suficiente,
nem mesmo a música.
Porque do povo advém,
do húmus do humano,
da língua feita canto
a luz que te enleia,
o resplendor
orgânico:
a luz que usa teu
corpo.
Referência:
ALONSO, Rodolfo. Monumento a Maria
Bethânia. Fórnix: revista de
creación y crítica, Lima (PE), n. 8-9, p. 317, jul.-dic. 2008. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 nov.
2018.
❁
Maria Deusa Bethânia, representa a música brasileira. Consagrada e elogiada justamente pelos brasileiros. Eu amo Maria Bethânia. Que tenha muita vida e voz
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