O poeta, pai do ator Daniel Day-Lewis, descreve cena na qual um pai –
provavelmente ele mesmo – dirige-se às suas crianças, frente a uma árvore de
Natal, para revelar a forma como ela se originou e foi adornada caprichosamente
para abrilhantar o grande dia.
A árvore, afirma-o Cecil, é como uma fênix sob a forma de arbusto
sempre verde, uma fábula portanto, que todo ano sai do anonimato dos bosques à
notoriedade das residências, vive a sua quadra e, depois regressa à terra, onde
voltará a expor-se às intempéries de toda ordem.
Deduz-se, pelo que o poeta relata, tratar-se de um provável pinheiro, de
conveniente tamanho, arrebatado à natureza para suportar em seus ramos e
agulhas o encanto e a magia das festas de fim de ano. Obviamente, que à altura
em que redigido o poema, tal era a prática, hoje quase totalmente substituída
pela aquisição de árvores artificiais compradas em qualquer loja de
departamentos.
J.A.R. – H.C.
Cecil Day-Lewis
(1904-1972)
The Christmas Tree
Put out the lights
now!
Look at the Tree, the
rough tree dazzled
In oriole plumes of
flame,
Tinselled with
twinkling frost fire, tasselled
With stars and moons
– the same
That yesterday hid in
the spinney and had no fame
Till we put out the
lights now.
Hard are the nights
now:
The fields at
moonrise turn to agate,
Shadows are cold as
jet;
In dyke and furrow,
in copse and faggot
The frost’s tooth is
set;
And stars are the
sparks whirled out by the North
wind’s fret
On the flinty nights
now.
So feast your eyes
now
On mimic star and
moon-cold bauble;
Worlds may wither
unseen,
But the Christmas
Tree is a tree of fable,
A phoenix in
evergreen,
And the world cannot
change or chill what its
mysteries mean
To your hearts and
eyes now.
The vision dies now
Candle by candle: the
tree that embraced it
Returns to its own
kind,
To be earthed again
and weather as best it
May the frost and the
wind.
Children, it too had
its hour – you will not mind
If it lives or dies
now.
Árvore no largo da cidade
(Stevan Dohanos:
ilustrador norte-americano)
A Árvore de Natal
Apaguem as luzes
agora!
Olhem para a Árvore,
a fragosa árvore a esplender
em plumas flamejantes
de papa-figos,
salpicada com cintilantes
lumes de geada, adornada
com estrelas e luas –
a mesma
que ontem,
indistinta, ocultava-se no bosque,
até que apagássemos
as luzes neste momento.
As noites tornam-se inclementes
nestes dias:
os campos
convertem-se em ágata à saída da lua,
As sombras são frias
como o jorro;
nos diques e canais, silvados
e lenhos
fixam-se os dentes da
geada;
e as estrelas são
chispas sopradas pelo vento do norte
em voragem sobre as
árduas noites da estação.
Por ora, pousem então
os seus olhos sobre
as réplicas de
estrelas e adornos frios como a lua;
mundos podem definhar
sem serem notados,
mas a Árvore de Natal
é uma árvore de fábula,
uma fênix sob a forma
de arbusto sempre verde,
e o mundo não é capaz
de alterar ou arrefecer
o que os seus
mistérios significam
aos seus corações e
olhos neste instante.
A visão já no porvir
se desfaz
vela após vela: a
árvore que a acalentou
regressa à sua
própria espécie,
restituída outra vez à
terra para resistir o melhor
que possa à geada e
ao vento.
Crianças: ela também teve
a sua hora –
e nenhum incômodo os
importunará
se agora estiver viva
ou morta.
Referência:
DAY-LEWIS, Cecil. The christmas tree.
In: __________. Collected poems. 2nd
impression. London, EN: Jonathan Cape with The Hogarth Press, 1961. p.
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