Nada de neve, serenatas ou vestimentas
de Papai Noel: afinal, trata-se de um Natal bem brasileiro, com roda de samba,
caldo e bebida tirada diretamente do barril. Em comum, o sentimento de que o
ano termina – termina ou recomeça? –, e com todo o cansaço que se acumulou, só
mesmo o recolhimento no lar, junto àqueles que nos são mais próximos.
Há quem fique eufórico, mais sensibilizado e humano. Há também os que ficam melancólicos, depressivos, estressados e mal-humorados. Tudo porque o momento, de uma forma ou de outra, parece revolver o itinerário de promessas não cumpridas e, pelo avançar dos anos, premir a todos para que elas se realizem em menor intervalo de tempo.
J.A.R. – H.C.
Poema de Natal
A Joaquim Inojosa
Eis outra vez o fim. Tudo termina
e os meses só se mostram no final,
no choro do menino ou da menina
e na roda de samba do Natal.
Termina ou recomeça? Quem desvenda
as imagens das horas no papel?
Mais vale acompanhar sua moenda,
beber seu caldo, decifrar seu mel
e graduar seu álcool na garrafa
ou nas tábuas de cedro do barril,
que o tempo tem seu jogo e desabafa
seu canto de mistério e pastoril.
Melhor será juntar nossos cansaços,
vestir o nosso lar de caracol
e acompanhar os íntimos compassos
do que é silêncio e amor, sob o lençol.
Assim, até o azul que vem de dentro
deste poema e desta rima em -ul
será teu mundo, que já não tem centro,
e teu caminho, já sem norte e sul.
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