Benjamin Yekutiel Galai (1921-1995) nasceu em Vladivostok, na Rússia,
estabelecendo-se, posteriormente, em Eretz, Israel, vindo a falecer, mais
tarde, em Jerusalém. O poema de sua autoria, a ilustrar esta postagem, postula
que se esqueçam todas as linhas de força à volta das quais gravita grande parte
da história não só do povo judeu: a pertença a uma raça e a uma pátria.
Nenhuma amarra é capaz de controlar a vontade do poeta em sua busca de
liberdade plena, nenhum parâmetro fincado em éticas religiosas, nada de
representações simbólicas, muito menos de conversa fiada: espera apenas saciar
a sua fome e usufruir de algum descanso. Que mais uma vez Sodoma experimente a
sua lufada dissoluta...
J.A.R. – H.C.
A cegueira dos habitantes de Sodoma
(Charles-André van
Loo: pintor francês)
Minha Geração
Estou farto de
símbolos, de leis divinas,
do chamado de meu
coração, e do código estabelecido
para a minha geração.
Duas vezes em meus dias
dei a melhor metade
de minha vida – basta!
Basta de símbolos
garridamente enfeitados,
basta de conversa
fiada, santificada!
A bela Sodoma pode já
e novamente
imergir no abismo e
na pura decomposição.
Minha geração!
Palavras altissonantes!
Muitas dessa espécie
jazem mortas em meu peito.
Doravante não quer
ouvir outra palavra
que não seja para
pedir comida e descanso.
A não ser que possais
criar do nada
cem corpos de
guerreiros olhirrubros
para que nossa alma
única seja imolada
a todas as bestas
celestes como estas:
à raça... à pátria...
e a vós também.
O jardim das delícias terrenas
(Jeroen Bosch
Hertogenbosch: pintor holandês)
Referência:
GALAI, Benjamin. Minha geração.
Tradução de J. Guinsburg. In: GUINSBURG, J. Quatro mil anos de poesia. Organização de J. Guinsburg e Zulmira
Ribeiro Tavares. Desenhos de Paulina Rabinovich. São Paulo, SP: Perspectiva,
1969. p. 463. (Coleção “Judaica”)
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