Whittier, poeta e abolicionista norte-americano, despede-se do ano
velho, crivado com as suas boas e más ocorrências, ele que parte para o mais
sombrio dos esquecimentos, sem chances de retornar para novamente se esvair em
tempo presente, uma vez que o tempo é grandeza que se escoa em apenas um
sentido.
Mais um ano se agrega à história de nossas vidas e, inapelavelmente,
avançamos para o mesmo destino do ano que ora finda: é como se rememorássemos,
a cada doze meses, o regime biológico de cada ser humano sobre a terra, da
natividade ao passamento.
J.A.R. – H.C.
J. G. Whittier
(1807-1892)
To the dying year
And thou, gray
voyager to the breezeless sea
Of infinite Oblivion,
speed thou on!
Another gift of Time
succeedeth thee,
Fresh from the hand
of God! for thou hast done
The errand of thy
destiny, and none
May dream of thy
returning. Go! and bear
Mortality’s frail
records to thy cold,
Eternal prison-house;
– the midnight prayer
Of suffering bosoms,
and the fevered care
Of worldly hearts;
the miser’s dream of gold;
Ambition’s grasp at
greatness; the quenched light
Of broken spirits;
the forgiven wrong,
And the abiding
curse. Ay, bear along
These wrecks of thine
own making. Lo! thy knell
Gathers upon the
windy breath of night,
Its last and faintest
echo. Fare thee well!
No caminho para o réveillon
(Mario Beaudoin: pintor
canadense)
Ao ano que finda
E tu, viajante grisalho
rumo ao mar sem brisa
Do infinito Oblívio,
apressa-te.
Outra dádiva do Tempo
te sucede,
Recém-saída da mão de
Deus! porque cumpriste
O mandado do teu
destino, e ninguém
Pode sonhar com o teu
retorno. Vai! e transporta
Os frágeis assentos
de mortalidade para a tua fria
E eterna prisão; – a
prece da meia-noite
Das almas sofredoras,
e a lida febril
Dos corações
mundanos; o sonho de ouro do avaro;
A percepção do peso
da ambição; a extinta luz
Dos espíritos consumidos;
o mal perdoado,
E a permanente
maldição. Ai, carrega contigo
Esses resíduos por ti
mesmo gerados. Repara! Teu dobre
Integra-se ao sopro revolto
da noite,
Seu eco mais débil e
terminal. Vai-te em bom termo.
Referência:
WHITTIER, J. G. To the dying year. In:
RUNKLE, Kate B. (Ed.). Festival poems:
a collection for christmas, the new year and easter. Boston, MA: Roberts
Brothers, 1884. p. 226-227.
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