Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

J. G. Whittier - Ao ano que finda

Whittier, poeta e abolicionista norte-americano, despede-se do ano velho, crivado com as suas boas e más ocorrências, ele que parte para o mais sombrio dos esquecimentos, sem chances de retornar para novamente se esvair em tempo presente, uma vez que o tempo é grandeza que se escoa em apenas um sentido.

Mais um ano se agrega à história de nossas vidas e, inapelavelmente, avançamos para o mesmo destino do ano que ora finda: é como se rememorássemos, a cada doze meses, o regime biológico de cada ser humano sobre a terra, da natividade ao passamento.

J.A.R. – H.C.

J. G. Whittier
(1807-1892)

To the dying year

And thou, gray voyager to the breezeless sea
Of infinite Oblivion, speed thou on!
Another gift of Time succeedeth thee,
Fresh from the hand of God! for thou hast done
The errand of thy destiny, and none
May dream of thy returning. Go! and bear
Mortality’s frail records to thy cold,
Eternal prison-house; – the midnight prayer
Of suffering bosoms, and the fevered care
Of worldly hearts; the miser’s dream of gold;
Ambition’s grasp at greatness; the quenched light
Of broken spirits; the forgiven wrong,
And the abiding curse. Ay, bear along
These wrecks of thine own making. Lo! thy knell
Gathers upon the windy breath of night,
Its last and faintest echo. Fare thee well!

No caminho para o réveillon
(Mario Beaudoin: pintor canadense)

Ao ano que finda

E tu, viajante grisalho rumo ao mar sem brisa
Do infinito Oblívio, apressa-te.
Outra dádiva do Tempo te sucede,
Recém-saída da mão de Deus! porque cumpriste
O mandado do teu destino, e ninguém
Pode sonhar com o teu retorno. Vai! e transporta
Os frágeis assentos de mortalidade para a tua fria
E eterna prisão; – a prece da meia-noite
Das almas sofredoras, e a lida febril
Dos corações mundanos; o sonho de ouro do avaro;
A percepção do peso da ambição; a extinta luz
Dos espíritos consumidos; o mal perdoado,
E a permanente maldição. Ai, carrega contigo
Esses resíduos por ti mesmo gerados. Repara! Teu dobre
Integra-se ao sopro revolto da noite,
Seu eco mais débil e terminal. Vai-te em bom termo.

Referência:

WHITTIER, J. G. To the dying year. In: RUNKLE, Kate B. (Ed.). Festival poems: a collection for christmas, the new year and easter. Boston, MA: Roberts Brothers, 1884. p. 226-227.


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