Este pequeno excerto de “Cantique de
la Connaissance” (“Cântico do Conhecimento), de Lubicz-Milosz, dedica-se a
confrontar os dois lados da jornada imagética e arquetípica que o poeta vivenciou,
por intermédio da qual atingiu maiores alturas espirituais, devotando a sua
criatividade à iluminação e à aproximação com o divino.
Trata-se, de fato, de uma tentativa de conciliar o espiritual e o
material, ou melhor, a sua própria divisão interior. Para tanto, muitos são os
escritos de Lubicz-Milosz que mesclam a metafísica cristã aos apontamentos
místicos da cabala, além de outras tendências herméticas. Caso se que apliquemos,
por acréscimo, os conceitos junguianos, tudo se passaria como se o autor
explorasse o próprio inconsciente em busca de uma “única verdade” – a sua
verdade – o “self”.
J.A.R. – H.C.
Oscar Vladislas de Lubicz-Milosz
(1877-1939)
Les poètes de Dieu...
Les poètes de Dieu
voyaient le monde des archétypes et le décrivaient pieusement par le moyen des
termes précis et lumineux du langage de la connaissance.
Le déclin de la foi
se manifeste dans le monde de la science et de l’art par un obscurcissement du
langage.
Les poètes de la
nature chantent la beauté imparfaite du monde sensible selon l’ancien mode
sacré.
Toutefois, frappés de
la discordance secrète entre le mode d’expression et le sujet,
Et impuissants à
s’élever jusqu’au lieu seul situé, j’entends Pathmos, terre de la vision des
archétypes,
Ils ont imaginé, dans
la nuit de leur ignorance, un monde intermédiaire, flottant et stérile, le
monde des symboles.
Apolo e Urânia
(Charles Meynier:
pintor francês)
Os poetas de Deus...
Os poetas de Deus
viam o mundo dos arquétipos e o descreviam piedosamente por meio dos termos
precisos e luminosos da linguagem do conhecimento.
O declínio da fé se
manifesta no mundo da ciência e da arte por um obscurecimento da linguagem.
Os poetas da natureza
cantam a formosura imperfeita do mundo sensível segundo o antigo modo sagrado.
No entanto,
impressionados pela discordância secreta entre o modo de expressão e o assunto,
E incapazes de se
elevarem até o único lugar situado, quer dizer Patmos, terra da visão dos
arquétipos,
Imaginaram, na noite
de sua ignorância, um mundo intermediário, flutuante e estéril, o mundo dos
símbolos.
Referência:
Lubicz-Milosz, Oscar Vladislas de. Les
poètes de Dieu... / Os poetas de Deus... Tradução de Cláudio Veiga. In: VEIGA,
Cláudio (Organização e Tradução). Antologia da poesia francesa: do século IX ao
século XX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1991. Em francês: p. 312;
em português: p. 313.
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