Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Lubicz-Milosz - Os poetas de Deus...

Este pequeno excerto de “Cantique de la Connaissance” (“Cântico do Conhecimento), de Lubicz-Milosz, dedica-se a confrontar os dois lados da jornada imagética e arquetípica que o poeta vivenciou, por intermédio da qual atingiu maiores alturas espirituais, devotando a sua criatividade à iluminação e à aproximação com o divino.

Trata-se, de fato, de uma tentativa de conciliar o espiritual e o material, ou melhor, a sua própria divisão interior. Para tanto, muitos são os escritos de Lubicz-Milosz que mesclam a metafísica cristã aos apontamentos místicos da cabala, além de outras tendências herméticas. Caso se que apliquemos, por acréscimo, os conceitos junguianos, tudo se passaria como se o autor explorasse o próprio inconsciente em busca de uma “única verdade” – a sua verdade – o “self”.

J.A.R. – H.C.

Oscar Vladislas de Lubicz-Milosz
(1877-1939)

Les poètes de Dieu...

Les poètes de Dieu voyaient le monde des archétypes et le décrivaient pieusement par le moyen des termes précis et lumineux du langage de la connaissance.
Le déclin de la foi se manifeste dans le monde de la science et de l’art par un obscurcissement du langage.
Les poètes de la nature chantent la beauté imparfaite du monde sensible selon l’ancien mode sacré.
Toutefois, frappés de la discordance secrète entre le mode d’expression et le sujet,
Et impuissants à s’élever jusqu’au lieu seul situé, j’entends Pathmos, terre de la vision des archétypes,
Ils ont imaginé, dans la nuit de leur ignorance, un monde intermédiaire, flottant et stérile, le monde des symboles.

Apolo e Urânia
(Charles Meynier: pintor francês)

Os poetas de Deus...

Os poetas de Deus viam o mundo dos arquétipos e o descreviam piedosamente por meio dos termos precisos e luminosos da linguagem do conhecimento.
O declínio da fé se manifesta no mundo da ciência e da arte por um obscurecimento da linguagem.
Os poetas da natureza cantam a formosura imperfeita do mundo sensível segundo o antigo modo sagrado.
No entanto, impressionados pela discordância secreta entre o modo de expressão e o assunto,
E incapazes de se elevarem até o único lugar situado, quer dizer Patmos, terra da visão dos arquétipos,
Imaginaram, na noite de sua ignorância, um mundo intermediário, flutuante e estéril, o mundo dos símbolos.

Referência:

Lubicz-Milosz, Oscar Vladislas de. Les poètes de Dieu... / Os poetas de Deus... Tradução de Cláudio Veiga. In: VEIGA, Cláudio (Organização e Tradução). Antologia da poesia francesa: do século IX ao século XX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1991. Em francês: p. 312; em português: p. 313.

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