Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Irving Layton - Gata Morrendo no Outono

Ao manifestar os primeiros sinais de que o fim de sua gata estava próximo, o poeta deitou-a do lado de fora da casa, sobre uma fileira de folhas caídas pelo efeito do outono, passando a observá-la da ampla janela da residência, até que, jazendo estática, veio a expirar com um sorriso premido.

Layton, o poeta da vez, naturalizou-se canadense, depois de haver nascido na Romênia, tornando-se grande amigo do famoso cantor e compositor canadense – também autor de belos poemas – Leonard Cohen (1934-2016). Trata-se de um literato bastante prolífico, com se pode constatar por sua extensa obra, majoritariamente no domínio da poesia, a estender-se de 1945 até inícios da década de 90, quando veio a apresentar sintomas do Mal de Alzheimer.

J.A.R. – H.C.

Irving Layton
(1912-2006)

Cat Dying in Autumn

I put the cat outside to die,
Laying her down
Into a rut of leaves
Cold and bloodsoaked;
Her moan
Coming now more quiet
And brief in October’s economy
Till the jaws
Opened and shut on no sound.

Behind the wide pane
I watched the dying cat
Whose fur like a veil of air
The autumn wind stirred
Indifferently with the leaves:
Her form (or was it the wind?)
Still breathing –
A surprise of white.

And I was thinking
Of melting snow in spring
Or a strip of gauze
When a sparrow
Dropped down beside it
Leaning his clean beak
Into the hollow;
Then whirred away, his wings,
You may suppose, shuddering.

Letting me see
From my house
The twisted petal
Thatfell
Between the ruined paws
To hold or play with,
And the tight smile
Cats have for meeting death.

Gato Outonal
(Autoria Desconhecida)

Gata Morrendo no Outono

Pus a gata lá fora para morrer,
Deitando-a sobre um
Sulco de folhas,
Fria e ensanguentada;
Seu gemido
Fez-se mais sereno e breve
Em meio à economia de outubro,
Até que as mandíbulas passaram a
Abrir e fechar sem som algum.

Por trás da larga vidraça,
Observei a gata em estado moribundo,
Cujo pelo como um véu de ar
O vento de outono agitava,
Indiferentemente às folhas:
Sua forma (ou seria o efeito do vento?)
Ainda a respirar –
Uma surpresa de branco.

E estava pensando
Na neve que se derrete na primavera
Ou em uma tira de gaze,
Quando um pardal
Pousou ao seu lado,
Encostando o bico limpo
Na cavidade;
Logo se distanciou, suas asas,
Pode-se supor, a estremecer.

Deu-me ainda o ensejo de ver,
De minha casa,
A pétala retorcida
Que lhe caiu
Entre as patas arruinadas,
Para com ela brincar ou se agarrar,
E o sorriso selado
Que têm os gatos ao encontrar a morte.

Referência:

LAYTON, Irving. Cat dying in autumn. In: NEWLOVE, John (Ed.). Canadian poetry: the modern era. Toronto, CA: McClelland and Stewart, 1977. p. 123.
ö

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