Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Juan de Salinas - Em louvor à rosa em disputa com o jasmim

Quando éramos crianças, ouvíamos nossas mães cantarem, para nos ninar até o sono, aquela cantiga popular que falava de um cravo que brigava com a rosa, ficava doente, mas que, depois de um dengo, melhorou e, por fim, no mundo das flores, houve muita festa, pois, ao final, resolveram se casar.

Nesta décima, do epigramista espanhol Juan de Salinas y Castro (1559-1643), por outro lado, vemos um embate entre o jasmim e a rosa, tudo em razão do perfume que exalam, mais renitente nesta que naquele, motivo pelo qual à rosa são dedicados louvores e louvores mesmo após fenecer e se despetalar, porquanto, ainda assim, persiste a evolar os seus derradeiros aromas – distintamente daquele, de fragrância menos subsistente.

J.A.R. – H.C.

Natureza-morta de rosas, jasmins
e outras flores
(Jules Ferdinand Médard: pintor francês)

Décima I: En alabanza de la rosa
en competência del jazmín

El que eligió en el jardín
el jazmín, no fue discreto,
que no tiene olor perfeto
si se marchita el jazmín.
Mas la rosa hasta su fin,
porque aun su morir se alabe,
tiene olor más dulce y suave,
fragancia más olorosa,
luego mejor es la rosa
y el jazmín menos suave.

Tú, que rosa y jazmín ves,
eliges la pompa breve
del jazmín, fragante nieve,
que un soplo al céfiro es;
mas conociendo después
la altiva lisonja hermosa
de la rosa cuidadosa,
la antepondrás en tu amor,
que es el jazmín poca flor,
mucha fragancia la rosa.

Rosas e jasmins num vaso de Delft
(Pierre-Auguste Renoir: pintor francês)

Décima I: Em louvor à rosa
em disputa com o jasmim

O que escolheu no jardim
o jasmim, não foi sensato,
pois não deleitará o olfato
quando a flor chegar ao fim.
Fenece a rosa, outrossim,
sob cânticos de louvor,
tem olor mais doce e suave,
fragrância mais olorosa.
Logo melhor é a rosa,
e o jasmim menos suave.

Tu, que vês rosa e jasmim,
escolhes a pompa breve
do jasmim, fragrante neve,
um sopro de brisa, enfim;
mas ao saberes, assim,
da altiva loa formosa
à rosa tão caprichosa,
a anteporás em teu amor,
pois o jasmim é pouca flor,
e muita fragrância a rosa.
        
Referência:

SALINAS, Juan de. En alabanza de la rosa en competência del jazmín. In: __________. Poesías del doctor D. Juan de Salinas y Castro. Tomo Segundo. Sevilha, ES: Imp. de D. José María Geofrin, 1869. p. 163-164.

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