Tendo por tema a fugacidade da vida, o poeta nos oferece alegorias sobre
a forma como se vê no presente momento, já avançado na idade, quando se costuma
metaforizar o período ao crepúsculo da tarde, rumo ao estágio de receios que a
noite arrasta, cortada por ventos sob os quais os espíritos somente dúvidas
presenciam.
Ouránis sente-se como se fosse uma casa de marujos, há tanto tempo
fechada e à beira-mar, sem os barcos, ademais, pois os homens há muito tempo
partiram e a abandonaram. E diga-se: a esse ponto chegou depois de lhe haver
escorrido os anos como areia pelas mãos, construindo quimeras sem perceber o
fluxo do tempo, que logo avançou às raias outonais. E agora, José? –
perguntaria Drummond!
J.A.R. – H.C.
Kóstas Ouránis
(1890-1953)
Η ζωη μου
Μιὰ νοσταλγία ὁλάκερη ἡ
ζωή μου κι ἕνας πόθος!
Πότε παλάτια θέλοντας
χιμαιρικὰ νὰ
χτίσω
καὶ πότε ξεφυλλίζοντας τὶς
σκέψεις μου σὰ ρόδα
στὸν τάφο τοῦ ὅ,τι
πέρασε, – λησμόνησα νὰ ζήσω.
Τὰ χρόνια ἀπὸ
τὰ χέρια μου γλιστρήσανε σὰν ἄμμος
ποὺ ὀνειροπόλα δάχτυλα κρατᾶνε, κι ἡ ψυχή μου,
μιὰν ὥρα χινοπωρινὴ ποὺ σήμαιναν καμπάνες,
εἶδε νὰ πέφτει ἀνέκκλητα
τὸ Βράδυ στὴ
ζωή μου.
Εἶμαι σὰ
σπίτι ναυτικῶν στὴ
θάλασσα κοντά,
ποὺ οἱ ἄντρες ἐχαθήκανε μαζὶ μὲ τὰ
καράβια
καὶ πού, σὰ
σκούζει ὁ ἄνεμος
τ’ ἀγριεμένα βράδια,
οἱ μάνες καὶ
οἱ ἀδερφές,
μαυροντυμένες, σκύβουν
τὴν κεφαλὴν
ἀμίλητες. σκιαγμένες, σὰ ν’ ἀκοῦνε
στὴν πόρτα, τὴν κατάκλειστη γιὰ πάντα, νὰ
χτυποῦνε.
Σε: “Νοσταλγίες” (1920)
Casa-concha do marujo
(Abigail White:
pintora norte-americana)
A minha vida
A minha vida toda,
nostalgia só e anseios!
Ora eu palácios de
quimera edificar queria,
ora então, como
rosas, desfolhar meus pensamentos
sobre a tumba do que
passa – e de viver me esquecia.
Os anos me correram
como areia pelas mãos,
pelos meus dedos
sonhadores, e a alma dolorida,
na hora de outono em
que os sinos puseram-se a tocar,
viu cair inexorável a
Noite em minha vida.
Sou como uma casa de
marujos à beira-mar,
cujos homens sumiram
juntamente com os barcos;
quando sopram os
ventos durante as noites de medo,
suas mães e irmãs,
todas elas vestidas de negro,
inclinam as cabeças
silentes, apavoradas,
como se ouvissem
bater na porta há tanto fechada.
Em: “Nostalgias” (1920)
Referências:
OURÁNIS, Kóstas. A minha vida. Tradução
de José Paulo Paes. In: PAES, José Paulo (seleção e tradução). Poesia moderna da Grécia. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara, 1986. p.
126.
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