Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

François Coppée - Novembro


Apesar disso, compara-se a uma toutinegra sob a chuva, a revelar tristeza em seus belos olhos: não sem motivo, Coppée escolhe a toutinegra como objeto de metáfora, em razão de tratar-se de uma ave essencialmente sedentária, com raras incursões de maior vastidão – assim como se reportam os versos da derradeira estrofe do poema.

J.A.R. – H.C.

François Coppée
(1842-1908)

Novembre

Captif de l’hiver dans ma chambre
Et las de tant d’espoirs menteurs,
Je vois dans un ciel de novembre,
Partir les derniers migrateurs.

Ils souffrent bien sous cette pluie;
Mais, au pays ensoleillé,
Je songe qu’un rayon essuie
Et réchauffe l’oiseau mouillé.

Mon âme est comme une fauvette
Triste sous un ciel pluvieux;
Le soleil dont sa joie est faite
Est le regard de deux beaux yeux;

Mais loin d’eux elle est exilée;
Et, plus que ces oiseaux, martyr,
Je ne puis prendre ma volée
Et n’ai pas le droit de partir.

Migração dos Pássaros no Outono
(Ginette Callaway: pintora francesa)

Novembro

Vejo, presa do inverno, em minha câmara,
Para terras distantes,
Pelos céus de novembro irem os pássaros,
– Últimos imigrantes.

Vão, das chuvas cortando as grossas bátegas
Vão..., noutros céus azuis,
Há de enxugar-lhes a plumagem úmida
Outro sol, outra luz.

Sou como a toutinegra fria e trêmula
Sob um clima pluvioso,
E um sol apenas rutilando alegra-me:
– Seu olhar amoroso!

Pior que as aves, sou no exílio vítima
De mais duro penar,
Pois não tenho direito como os pássaros
De voar... de voar...

(19 de maio de 1881)

Referência:

COPPÉE, François. Novembre / Novembro. Tradução de Raimundo Correia e Valentim Magalhães. In: ‎‎__________. Poesias completas de Raimundo Correia. Vol. ‎‎II. Organização, prefácio e notas de Múcio Leão. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, ‎‎1948. Em francês: p. 454-455; em português: p. 380.

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