Hoddis descreve as suas escatológicas previsões sobre o desfecho deste
mundo: de comum com a maioria dos vaticínios, apenas as cenas envolvendo
tempestades e enchentes que rompem barragens, embora nada se compare às
insólitas imagens do Apocalipse bíblico!
Medos irracionais pela perspectiva de que cometas ou planetas possam
colidir contra a terra – a exemplo das cenas finais do filme “Melancolia” (2011),
de Lars von Trier –, são muito mais “aceitáveis” como fatalidades catastróficas
para a humanidade. Mas o poeta resolve lançar ironias sobre aqueles que preveem
o pior: todas as pessoas serão assoladas por coriza! O que dizer?!...
J.A.R. – H.C.
(1887-1942)
Weltende
Dem Bürger fliegt vom
spitzen Kopf der Hut,
In allen Lüften hallt
es wie Geschrei,
Dachdecker stürzen ab
und gehn entzwei
Und an den Küsten –
liest man – steigt die Flut.
Der Sturm ist da, die
wilden Meere hupfen
An Land, um dicke
Dämme zu zerdrücken.
Die meisten Menschen
haben einen Schnupfen.
Die Eisenbahnen
fallen von den Brücken.
(1911)
(Pawel Kosior: pintor
escocês)
Fim do mundo
O chapéu voa da
cabeça do cidadão,
Em todos os ares
retumba-se gritaria.
Caem os telhadores e
se despedaçam
E nas costas – lê-se –
sobe a maré.
A tempestade chegou,
saltam à terra
Mares selvagens que
esmagam largos diques.
A maioria das pessoas
tem coriza.
Os trens
precipitam-se das pontes.
(1911)
Referência:
HODDIS, Jakob von. Weltende / Fim do
mundo. Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma
antologia. Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue
ilustrada. São Paulo, SP: Estação Liberdade, 2000. Em alemão: p. 118; em
português: p. 119.
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