Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 4 de novembro de 2018

Jakob van Hoddis - Fim do mundo

Hoddis descreve as suas escatológicas previsões sobre o desfecho deste mundo: de comum com a maioria dos vaticínios, apenas as cenas envolvendo tempestades e enchentes que rompem barragens, embora nada se compare às insólitas imagens do Apocalipse bíblico!

Medos irracionais pela perspectiva de que cometas ou planetas possam colidir contra a terra – a exemplo das cenas finais do filme “Melancolia” (2011), de Lars von Trier –, são muito mais “aceitáveis” como fatalidades catastróficas para a humanidade. Mas o poeta resolve lançar ironias sobre aqueles que preveem o pior: todas as pessoas serão assoladas por coriza! O que dizer?!...

J.A.R. – H.C.

Jakob van Hoddis
(1887-1942)

Weltende

Dem Bürger fliegt vom spitzen Kopf der Hut,
In allen Lüften hallt es wie Geschrei,
Dachdecker stürzen ab und gehn entzwei
Und an den Küsten – liest man – steigt die Flut.

Der Sturm ist da, die wilden Meere hupfen
An Land, um dicke Dämme zu zerdrücken.
Die meisten Menschen haben einen Schnupfen.
Die Eisenbahnen fallen von den Brücken.

(1911)

No fim do mundo
(Pawel Kosior: pintor escocês)

Fim do mundo

O chapéu voa da cabeça do cidadão,
Em todos os ares retumba-se gritaria.
Caem os telhadores e se despedaçam
E nas costas – lê-se – sobe a maré.

A tempestade chegou, saltam à terra
Mares selvagens que esmagam largos diques.
A maioria das pessoas tem coriza.
Os trens precipitam-se das pontes.

(1911)

Referência:

HODDIS, Jakob von. Weltende / Fim do mundo. Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma antologia. Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue ilustrada. São Paulo, SP: Estação Liberdade, 2000. Em alemão: p. 118; em português: p. 119.

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