Em tradução do Prof. Aleksandar
Jovanović, da USP, consignada em seu artigo “Cinco poetas da Europa
Centro-Oriental: forja mágica de metáforas e temas”, a constar no periódico em
referência, trazemos, neste momento, um poema que retrata o modo como o poeta
polonês – cujo nome em grafia correta se apresenta logo abaixo de sua foto – vislumbra a própria poesia.
Veja-se que, distintamente a um número
considerável de poesias consectárias de manifestos em cujos propósitos se
enquadram, esta poesia limita-se e revelar-se impotente frente à configuração
do real, dada a sua insubsistência, carência de valores e distanciamento dos padrões
finalísticos mais frequentes, do que lhe resulta o escopo frustrado: não
satisfaz quaisquer tarefas entre as que lhe são atribuídas...
J.A.R. – H.C.
Tadeusz Różewicz
(1921-2014)
Moja poezja
niczego nie tłumaczy
niczego nie wyjaśnia
niczego się nie wyrzeka
nie ogarnia sobą całości
nie spełnia nadziei
nie stwarza nowych
reguł gry
nie bierze udziału w
zabawie
ma miejsce zakreślone
które musi wypełnić
jeśli nie jest mową ezoteryczną
jeśli nie mówi oryginalnie
jeśli nie zadziwia
widocznie tak trzeba
jest posłuszna
własnej konieczności
własnym możliwościom
i ograniczeniom
przegrywa sama ze sobą
nie wchodzi na
miejsce innej
i nie może być przez inną zastąpiona
otwarta dla
wszystkicjh
pozbawiona tajemnicy
ma wiele zadań
którym nigdy nie
podoła
(1965)
Forma das Coisas por Vir
(Victor Bregeda:
pintor russo)
Minha poesia
nada traduz
nada explica
nada expressa
não abarca totalidade
alguma
não reifica esperança
alguma
não cria regras novas
não participa de
diversão alguma
possui lugar definido
que deve preencher
se não é esotérica
se não é original
se não deixa perplexo
assim deve então
supostamente ser
obedece à própria
necessidade
às próprias
possibilidades
e limitações
é autodominada
não substitui coisa
alguma
não pode ser
substituída por coisa alguma
é aberta a tudo
sem segredos
possui muitas tarefas
que jamais satisfaz
(1965)
Referência:
RÓŻEWICZ,
Tadeusz. Moja poezja / Minha poesia. Tradução
de Aleksandar Jovanović. In: Universidade de São Paulo / Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Cadernos de literatura em tradução, n. 17, 2017. Em polonês: p.
144; em português: p. 145. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 out. 2017.
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