Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Ernst Stadler - Forma é Volúpia

O poeta lança um roteiro para elaboração de seus poemas – inscritos nos moldes expressionistas –, sem recorrer a esquemas, formas ou padrões clássicos ou tradicionais, muito embora a proposta resulte algo convencional no tom uniforme das rimas encetadas, como o leitor pode constatar visualmente no original em alemão.

Não alcançou ele a intrepidez do poema livre e sem rima, permanecendo, portanto, “amarrado” aos modelos propostos pelos antecessores, a perseguir os arquétipos da harmonia, da simetria, da métrica homogênea, do ideário apolíneo da forma. Terá sido sempre assim?!...

J.A.R. – H.C.

Ernst Stadler
(1883-1914)

Form ist Wollust

Form und Riegel mußten erst zerspringen
Welt durch aufgeschlossene Röhren dringen;
Form ist Wollust, Friede, himmlisches Genügen,
Doch mich reißt es, Ackerschollen umzupflügen.
Form will mich verschnüren und verengen,
Doch ich will mein Sein in alle Weiten drängen –
Form ist klare Härte ohn’ Erbarmen,
Doch mich treibt es zu den Dumpfen, zu den Armen,
Und in grenzenlosem Michverschenken
Will mich Leben mit Erfüllung tränken.

(1914)

Zenethra
(Amytea: artista francesa)

Forma é Volúpia

Primeiro foi preciso forma e ferrolho arrebentarem
E por canos abertos no mundo entrarem:
Forma é volúpia, paz, divina contenção,
Mas me atrai cuidar de cada plantação.
A forma quer-me amarrar e limitar,
Mas quero meu ser pelos ares espalhar –
A forma é rigor claro e sem piedade,
Mas sou levado aos pobres, por fraternidade,
E em ilimitada eu-doação
A vida me afoga em compensação.

(1914)

Referência:

STADLER, Ernst. Form is wollust / Forma é volúpia. Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma antologia. Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue ilustrada. São Paulo, SP: Estação Liberdade, 2000. Em alemão: p. 182; em português: p. 183.

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