O poeta lança um roteiro para elaboração de seus poemas – inscritos nos
moldes expressionistas –, sem recorrer a esquemas, formas ou padrões clássicos
ou tradicionais, muito embora a proposta resulte algo convencional no tom
uniforme das rimas encetadas, como o leitor pode constatar visualmente no
original em alemão.
Não alcançou ele a intrepidez do poema livre e sem rima, permanecendo,
portanto, “amarrado” aos modelos propostos pelos antecessores, a perseguir os
arquétipos da harmonia, da simetria, da métrica homogênea, do ideário apolíneo
da forma. Terá sido sempre assim?!...
J.A.R. – H.C.
Ernst Stadler
(1883-1914)
Form ist Wollust
Form und Riegel
mußten erst zerspringen
Welt durch
aufgeschlossene Röhren dringen;
Form ist Wollust,
Friede, himmlisches Genügen,
Doch mich reißt es,
Ackerschollen umzupflügen.
Form will mich
verschnüren und verengen,
Doch ich will mein
Sein in alle Weiten drängen –
Form ist klare Härte
ohn’ Erbarmen,
Doch mich treibt es zu
den Dumpfen, zu den Armen,
Und in grenzenlosem
Michverschenken
Will mich Leben mit
Erfüllung tränken.
(1914)
Zenethra
(Amytea: artista
francesa)
Forma é Volúpia
Primeiro foi preciso
forma e ferrolho arrebentarem
E por canos abertos
no mundo entrarem:
Forma é volúpia, paz,
divina contenção,
Mas me atrai cuidar
de cada plantação.
A forma quer-me
amarrar e limitar,
Mas quero meu ser
pelos ares espalhar –
A forma é rigor claro
e sem piedade,
Mas sou levado aos
pobres, por fraternidade,
E em ilimitada
eu-doação
A vida me afoga em
compensação.
(1914)
Referência:
STADLER, Ernst. Form is wollust / Forma
é volúpia. Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma antologia. Organização e tradução
de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue ilustrada. São Paulo, SP: Estação
Liberdade, 2000. Em alemão: p. 182; em português: p. 183.
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