Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 15 de novembro de 2015

Wallace Stevens - A casa estava em silêncio e o mundo calmo

Neste domingo, um dia sempre carregado de muita fantasia, nada melhor do que nos deliciarmos com mais um poema do norte-americano Wallace Stevens, um discreto advogado que, em suas horas vagas, e já cinquentão, deleitava-se em registrar sob a forma de poemas muito de sua filosofia e visão do mundo.

Neste poema, Wallace tenta estabelecer um programa de identidade entre o leitor e o seu livro, ou talvez melhor, sua leitura. O leitor, ele mesmo um estudioso em busca da verdade, é como se um circunspecto fosse, envolto em paisagens a emular pensamentos perfeitos, num ambiente familiar e sereno.

J.A.R. – H.C.

Wallace Stevens
(1879-1955)

The house was quiet and the world was calm

The house was quiet and the world was calm.
The reader became the book; and summer night

Was like the conscious being of the book.
The house was quiet and the world was calm.

The words were spoken as if there was no book,
Except that the reader leaned above the page,

Wanted to lean, wanted much most to be
The scholar to whom his book is true, to whom

The summer night is like a perfection of thought.
The house was quiet because it had to be.

The quiet was part of the meaning, part of the mind:
The access of perfection to the page.

And the world was calm. The truth in a calm world,
In which there is no other meaning, itself

Is calm, itself is summer and night, itself
Is the reader leaning late and reading; there.

Manhã Calma
(Kathy Wheeler: artista norte-americana)


A casa estava em silêncio e o mundo calmo

A casa estava em silêncio e o mundo calmo.
O leitor converteu-se no livro; e a noite de verão

Era como a essência consciente do livro.
A casa estava em silêncio e o mundo calmo.

As palavras eram pronunciadas como se não houvesse livro,
Exceto que o leitor se debruçava sobre a página,

Queria debruçar-se, queria tanto ser
O erudito para quem seu livro é a verdade, para quem

A noite de verão é como uma perfeição de pensamento.
A casa estava em silêncio porque assim devia estar.

O silêncio era parte do significado, parte da mente:
O acesso de perfeição à página.

E o mundo estava calmo. A verdade num mundo calmo,
Em que não há outro significado, ela mesma

É calma, ela mesma é verão e noite, ela mesma
É o leitor ali debruçado e lendo até altas horas.

Referência:

STEVENS, Wallace. The house was quiet and the world was calm. In: __________. The collected poems. Parts of a World. 11. ed. New York, NY: Alfred A. Knopf. Inc., feb. 1971. p. 358-359.

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