Nesta poesia reflexiva, Mario Luzi, um dos mais importantes
representantes da corrente hermética na Itália, medita sobre os caminhos por
onde a poesia o leva, veredas de saúde, luz e liberdade.
Luzi nega que a poesia seja uma arte que se possa chamar de “sua”: para
ele, apenas se pode praticá-la, refiná-la, de modo que venham a convergir os
fios da humana dor e a divina contemplação do céu do Parnaso em que se adentra.
J.A.R. – H.C.
Mario Luzi
(1914-2005)
Dove mi porti, mia arte?
Dove mi porti, mia
arte?
in che remoto
deserto territorio
a un tratto mi
sbalestri?
In che paradiso di salute,
di luce e libertà,
arte, per incantesimo
mi scorti?
Mia? non è mia questa
arte,
la pratico, la affino,
le apro le riserve
umane di dolore,
divine me ne appresta
lei di ardore
e di contemplazione
nei cieli in cui mi
inoltro…
Oh mia indecifrabile conditio,
mia insostenibile incarnazione!
A Leitura
(Pablo Picasso:
pintor espanhol)
Para onde me levas, arte minha?
Para onde me levas,
arte minha,
a que remoto e
desértico território
de repente me
arremessas?
Em que paraíso de
saúde,
de luz e de
liberdade,
arte, por meio de
feitiço, escoltas-me?
Minha? não é minha
esta arte,
a
pratico, a refino,
lhe abro as reservas
humanas de dor,
apresta-me ela os
elementos divinos de
ardor
e de contemplação
e de contemplação
no céu que adentro...
Oh minha indecifrável condição,
minha insustentável encarnação!
Referência:
LUZI, Mario. Dove mi porti, mia arte?. In: __________. L’opera poetica. Milano, IT: Arnoldo Mondadori, 1998. p. 1.073.
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