Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Mario Luzi - Para onde me levas, arte minha

Nesta poesia reflexiva, Mario Luzi, um dos mais importantes representantes da corrente hermética na Itália, medita sobre os caminhos por onde a poesia o leva, veredas de saúde, luz e liberdade.

Luzi nega que a poesia seja uma arte que se possa chamar de “sua”: para ele, apenas se pode praticá-la, refiná-la, de modo que venham a convergir os fios da humana dor e a divina contemplação do céu do Parnaso em que se adentra.

J.A.R. – H.C.

Mario Luzi
(1914-2005)

Dove mi porti, mia arte?

Dove mi porti, mia arte?
in che remoto
deserto territorio
a un tratto mi sbalestri?

In che paradiso di salute,
di luce e libertà,
arte, per incantesimo mi scorti?

Mia? non è mia questa arte,
la pratico, la affino,
le apro le riserve
umane di dolore,
divine me ne appresta
lei di ardore        
e di contemplazione
nei cieli in cui mi inoltro…

Oh mia indecifrabile conditio,
mia insostenibile incarnazione!

A Leitura
(Pablo Picasso: pintor espanhol)

Para onde me levas, arte minha?

Para onde me levas, arte minha,
a que remoto e
desértico território
de repente me arremessas?

Em que paraíso de saúde,
de luz e de liberdade,
arte, por meio de feitiço, escoltas-me?

Minha? não é minha esta arte,
     a pratico, a refino,
lhe abro as reservas
humanas de dor,
          apresta-me ela os
elementos divinos de ardor
e de contemplação
no céu que adentro...

Oh minha indecifrável condição,
minha insustentável encarnação!

Referência:

LUZI, Mario. Dove mi porti, mia arte?. In: __________. L’opera poetica. Milano, IT: Arnoldo Mondadori, 1998. p. 1.073.

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