Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Randall Swingler - Os Cisnes

Randall Swingler, poeta inglês, resgata neste poema, aparentemente, a simbologia da expressão metafórica “canto do cisne”, a sintetizar a ideia de um esforço final na elaboração de um trabalho ou tarefa, antes da morte de um indivíduo.

Veja-se que ele faz menção a um estágio avançado da vida, no qual a experiência permite fruir a riqueza e a consistência da vida sensível, o coração em calma – e não tumultuado pelos contratempos que costumam nos assolar quando adultos.

J.A.R. – H.C.

Randall Swingler
(1909-1967)

The Swans

Only to those who have climbed the dusky hill
To watch the simple contortions of the land
At evening, a beautiful and calm apparel
For our thought, and the mature light
Fallen slanting among trees, shaping them
Palpably, the thought itself the richness
And the consistence of sensitive life;

Only then at last in the moment ordained
By cast of beauty, the swans come: silverly skeined
Above the water’s deepened animation,
Their hard unplaceable distant susurrus of wings
Mixing most gently with the sun-sifted birches
Light behaviour and the childish wind’s agility.

Only then caught in the shock of wonder,
Folding again with easy rings, the surface
Of contention shows an equal image
Stealing white in the enclosing river’s incredible silk
At the grey conclusion of flight,
The locked wings, the calmed heart.

O Cisne
(Georgiana Romanovna: artista britânica)

Os Cisnes

Somente aos que hajam subido a escura colina
Para contemplar as simples curvaturas do relevo
Ao anoitecer – uma formosa e tranquila roupagem
Para o nosso pensamento –, bem assim a luz maturada
Caindo oblíqua entre as árvores – moldando-as
Palpavelmente –, o próprio pensamento se mostra capaz
De fruir a riqueza e a consistência da vida sensível;

Somente então, finalmente, em momento ordenado
Pelo matiz da beleza, os cisnes chegam: prateadamente
Agrupados sobre a animação mais profunda da água,
Seu distante sussurro de asas, difícil de situar,
Mescla-se mais delicadamente com bétulas que crivam
A luz do sol, e com a celeridade infantil do vento.

Somente então, tomada pela comoção do prodígio,
Vincando de novo em suaves anéis, a superfície
Do embate mostra uma imagem igual,
O branco a deslizar na incrível seda do rio circundante,
Cinza ao final do voo,
As asas cerradas, o coração em calma.

Referência:
SWINGLER, Randall. The swans. In: MANENT, M. (Selección, prólogo y traducción). La poesía inglesa: los contemporáneos. Edición bilingüe (Inglés-Español). 2. ed. Barcelona, ES: Ediciones Lauro, 1948. p. 354.

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