Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Carlos Nejar - Cântico

Com um tipo de alocução similar à do Gênesis 3:19, como se apenas houvesse substituído o vocábulo “pão” pela palavra “esperança”, este breve poema de Nejar também fez-me entrever alguma alusão, talvez não tencionada, ao Aleijadinho, pelos termos da parte final de sua segunda estrofe.

E no fim de tudo, quando as coisas atingirem o seu remate, a morte prenunciada, restar-nos-á a esperança, essa chama de espírito capaz de nos fazer manter a fé no sentido hierático desta vida.

J.A.R. – H.C.

Carlos Nejar
(n. 1939)

Cântico

Limarás tua esperança
até que a mó se desgaste;
mesmo sem mó, limarás
contra a sorte e o desespero.

Até que tudo te seja
mais doloroso e profundo.
Limarás sem mãos ou braços,
com o coração resoluto.

Conhecerás a esperança,
após a morte de tudo.

Esperança
(George Frederic Watts: pintor inglês)

Referência:

NEJAR, Carlos. Cântico. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século. Ilustrações de Tide Hellmeister. 2. ed. São Paulo, SP: Geração Editorial, 2004. p. 214.

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