A melodia de uma música a suceder a melodia de outra toada que se
esvanece. Um silêncio como sucedâneo de outros silêncios marcados pelas
recordações, esperanças e mentiras de todas as envergaduras.
São essas manifestações incorpóreas que desembocam, por fim, num silêncio
ainda mais potente, a calar fundo no coração humano, um silêncio absoluto com
potencial para nos emudecer, ainda que tanta a vontade de gritar.
J.A.R. – H.C.
Octavio Paz
(1914-1998)
Silencio
Así como del fondo de
la música
brota una nota
que mientras vibra
crece y se adelgaza
hasta que en otra
música enmudece,
brota del fondo del
silencio
otro silencio, aguda
torre, espada,
y sube y crece y nos
suspende
y mientras sube caen
recuerdos,
esperanzas,
las pequeñas mentiras
y las grandes,
y queremos gritar y
en la garganta
se desvanece el
grito:
desembocamos al
silencio
en donde los
silencios enmudecen.
Silêncio
(Dorina Costras:
pintora romena)
Silêncio
Assim como do fundo
da música
brota uma nota
que enquanto vibra
cresce e se adelgaça
até que noutra música
emudece,
brota do fundo do
silêncio
outro silêncio, aguda
torre, espada,
e sobe e cresce e nos
suspende
e enquanto sobe caem
recordações,
esperanças,
as pequenas mentiras
e as grandes,
e queremos gritar e
na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no
silêncio
onde os silêncios
emudecem.
De: “Liberdade sob Palavra” (1935-1957)
Referências:
Em espanhol
PAZ, Octavio. Silencio. Disponível neste endereço. Acesso
em: 30 set 2015.
Em português
PAZ, Octavio. Silêncio. In: __________.
Antologia poética: 1935-1975.
Organização e tradução de Luis Pignatelli. 2. ed. Lisboa, PT: Publicações Dom
Quixote, 1998. p. 21.
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