Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Octavio Paz - Silêncio

A melodia de uma música a suceder a melodia de outra toada que se esvanece. Um silêncio como sucedâneo de outros silêncios marcados pelas recordações, esperanças e mentiras de todas as envergaduras.

São essas manifestações incorpóreas que desembocam, por fim, num silêncio ainda mais potente, a calar fundo no coração humano, um silêncio absoluto com potencial para nos emudecer, ainda que tanta a vontade de gritar.

J.A.R. – H.C.

Octavio Paz
(1914-1998)

Silencio

Así como del fondo de la música
brota una nota
que mientras vibra crece y se adelgaza
hasta que en otra música enmudece,
brota del fondo del silencio
otro silencio, aguda torre, espada,
y sube y crece y nos suspende
y mientras sube caen
recuerdos, esperanzas,
las pequeñas mentiras y las grandes,
y queremos gritar y en la garganta
se desvanece el grito:
desembocamos al silencio
en donde los silencios enmudecen.

Silêncio
(Dorina Costras: pintora romena)

Silêncio

Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.

De: “Liberdade sob Palavra” (1935-1957)

Referências:

Em espanhol

PAZ, Octavio. Silencio. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 set 2015.

Em português

PAZ, Octavio. Silêncio. In: __________. Antologia poética: 1935-1975. Organização e tradução de Luis Pignatelli. 2. ed. Lisboa, PT: Publicações Dom Quixote, 1998. p. 21.

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