Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 28 de novembro de 2015

Cruz e Sousa - Supremo Verbo

Sempre com aquela linguagem musical, recheada de imagens sugestivas e misteriosas, este poema, do poeta Cruz e Sousa – figura maior do Simbolismo brasileiro –, tem por tema um hipotético encontro do poeta com a mãe-natureza.

É ela que lhe repassa o potente “cálice sacrossanto”, capaz de lhe abrir outras tantas portas de acesso a mundos nunca dantes percorridos. Mundos que o poeta retrata em seus textos, para o deleite de seus pares, ou melhor, aficionados leitores.

J.A.R. – H.C.

Cruz e Sousa
(1861-1898)

Supremo Verbo

– Vai, Peregrino do caminho santo,
Faz da tu’alma lâmpada do cego,
Iluminando, pego sobre pego,
As invisíveis amplidões do Pranto.

Ei-lo, do Amor o cálix sacrossanto!
Bebe-o, feliz, nas tuas mãos o entrego…
És o filho leal, que eu não renego,
Que defendo nas dobras do meu manto.

Assim ao Poeta a Natureza fala!
Enquanto ele estremece ao escutá-la,
Transfigurado de emoção, sorrindo…

Sorrindo a céus que vão se desvendando,
A mundos que vão se multiplicando,
A portas de ouro que vão se abrindo!

Em: “Últimos sonetos”, 1905.

A Generosidade de Alexandre
(Jerome-Martin Langlois: pintor francês)

Referência:

SOUSA, Cruz e. Supremo verbo. In: __________. Obra completa. v. I. Poesia. Organização e estudo de Lauro Junkes. Jaraguá do Sul, SC: Avenida, 2008. p. 530. Disponível neste endereço.

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