Sob a forma de um soneto branco e com versos de poucas sílabas poéticas,
este poema do alagoano Lêdo Ivo põe em questão a incógnita dimensão teleológica
do mundo.
Ivo pergunta-se sobre os motivos pelos quais havendo criado as flores, o
Eterno permite que elas sejam dizimadas pelos ventos da chuva. Para ele, tudo
são dúvidas lançadas na densa e escura mata por onde se desloca. Qualquer luz
no fim do túnel pode se mostrar ilusória...
J.A.R. – H.C.
Lêdo Ivo
(1924-2012)
A Clareira
Que pretende Deus
com tantas estrelas
e buracos negros
no espaço infinito?
Qual sua intenção
nas noites de chuva
quando o vento sopra
e derruba as flores?
Neste império escuro
o dom da incerteza
me segue entre as
árvores.
Aquela clareira
que vi na floresta
foi talvez um sonho.
A Clareira
(Pierre A. Renoir:
pinto francês)
Referência:
IVO, Lêdo. A clareira. In: GARCÍA, Xosé
Lois. Antologia da poesia brasileira /
Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela,
Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 88.
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