Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 14 de novembro de 2015

Lêdo Ivo - A Clareira

Sob a forma de um soneto branco e com versos de poucas sílabas poéticas, este poema do alagoano Lêdo Ivo põe em questão a incógnita dimensão teleológica do mundo.

Ivo pergunta-se sobre os motivos pelos quais havendo criado as flores, o Eterno permite que elas sejam dizimadas pelos ventos da chuva. Para ele, tudo são dúvidas lançadas na densa e escura mata por onde se desloca. Qualquer luz no fim do túnel pode se mostrar ilusória...

J.A.R. – H.C.

Lêdo Ivo
(1924-2012)

A Clareira

Que pretende Deus
com tantas estrelas
e buracos negros
no espaço infinito?

Qual sua intenção
nas noites de chuva
quando o vento sopra
e derruba as flores?

Neste império escuro
o dom da incerteza
me segue entre as árvores.

Aquela clareira
que vi na floresta
foi talvez um sonho.

A Clareira
(Pierre A. Renoir: pinto francês)

Referência:

IVO, Lêdo. A clareira. In: GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 88.

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