Um poeminha sobre o poema. Um poeta entre os grandes poetas. Tal é a
suma que fazemos deste ‘post’. E se o poeta afirma que todo poema é triste, não
é que esteja a afirmar uma verdade universal, senão apenas um ponto de vista
pessoal. Isto porque o poema vem-lhe do interno, que manifestamente é capaz de
evidenciar toda a sua própria tristeza, filtrada por singular beleza.
J.A.R. – H.C.
Mario Quintana
(Alegrete, RS, 1906 –
Porto Alegre, RS, 1994)
Com uma poesia simples, entre terna e
irônica, não raro bem humorada, Mario Quintana conquistou um público fiel - e é
um nome importante do segundo momento do nosso Modernismo. Principais obras
poéticas: A rua dos cata-ventos
(1940), Canções (1946), Sapato florido (1948), O aprendiz de feiticeiro (1950), Espelho mágico (1951), Caderno H (1975), Apontamentos de história sobrenatural (1976), A vaca e o hipogrifo (1977) (PINTO, 2004, p. 109).
O Poema
Um poema como um gole
d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal
palpitando ferido.
Como pequenina moeda
de prata perdida para
sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra
angústia que a sua misteriosa
condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal
beleza.
Referência:
QUINTANA, Mario. O poema. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do
Século. Ilustrações de Tide Hellmeister. 2. ed. São Paulo, SP: Geração
Editorial, 2004. p. 109.
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