O ente lírico –
decerto uma pessoa já bem madura, v.g., o próprio Yeats, já na casa dos 70 – enfatiza
a repercussão de uma paixão juvenil, muitas vezes associada à tolice e à insensatez,
justapondo-a à ideia de se ser velho e, em tese, mais sábio: a despeito de
estar integrado ao mundo dos idosos, o falante espera continuar apaixonado como
os que se encontram em plena juventude.
Para tanto, depreca a
Deus para que assim o mantenha – “insensato e apaixonado” –, porque quase sempre,
com a idade, a razão acaba por sobrepujar o coração. Seja como for, se for uma
paixão que dê algum sentido à vida, por que não mantê-la acesa como um lume a
orientar o caminho?!
J.A.R. – H.C.
W. B. Yeats
(1865-1939)
A Prayer for Old Age
God guard me from
those thoughts men think
In the mind alone;
He that sings a
lasting song
Thinks in a marrow-bone;
From all that makes a
wise old man
That can be praised
of all;
O what am I that I
should not seem
For the song’s sake a
fool?
I pray – for
fashion’s word is out
And prayer comes
round again –
That I may seem,
though I die old,
A foolish, passionate
man.
In: “The Full Moon in
March” (1935)
Retrato de um Velho
(Rembrandt H. van
Rijn: pintor holandês)
Um Oração pela
Velhice
Proteja-me Deus
desses pensamentos
Que os homens trazem
na mente;
Aquele que canta uma
duradoura canção
Pensa no osso e sua
medula;
Tudo quanto faz sábio
um velho
Pode ser por todos
louvado;
Oh, o que sou que não
pareceria
Um tolo por
dedicar-me ao canto?
Rogo – pois se
exauriu a palavra da moda
E a oração regressa
outra vez –
Que possa parecer,
ainda que velho morra,
Um homem insensato e
apaixonado.
Em: “A Lua Cheia em
Março” (1935)
Referência:
YEATS, W. B. A prayer
for old age. In: __________. Collected poems: complete &
unabridged. With an introduction by Robert Marshall. Reissued by Macmillan
Collector’s Library. London, EN: Macmillan, 2016. p. 378.
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