Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Lord Byron - Melodia Hebraica

A rigor, tem-se aqui uma paráfrase do poema original em inglês de Byron, na qual se vê a conversão de quarto sextilhas em cinco quadras com semelhante teor, a expressar a profunda paixão e saudade do povo judeu por sua terra natal – uma vez que disperso pelo mundo todo –, plaga essa idilicamente concebida em suas singularidades: gazelas selvagens, riachos, colinas, cedros, templos, escombros e assim por diante.

 

Byron lança mão das histórias bíblicas para ancorar os motivos lavrados em cada verso, belos em sua sonoridade, burilando assim um cântico de clamor pela desolação de uma civilização milenária, ou de outra forma, de empatia e comiseração pela sina do povo judeu – à altura da redação do poema ainda não reinstalado na Palestina.

 

J.A.R. – H.C.

 

George G. Byron

(1788-1824)

Retrato por Thomas Phillips

 

The Wild Gazelle

 

The wild gazelle on Judah’s hills

Exulting yet may bound,

And drink from all the living rills

That gush on holy ground;

Its airy step and glorious eye

May glance in tameless transport by: –

 

A step as fleet, an eye more bright,

Hath Judah witness’d there;

And o’er her scenes of lost delight

Inhabitants more fair.

The cedars wave on Lebanon,

But Judah’s statelier maids are gone!

 

More blest each palm that shades those plains

Than Israel’s scatter’d race;

For, taking root, it there remains

In solitary grace:

It cannot quit the place of birth,

It will not live in other earth.

 

But we must wander witheringly,

In other lands to die;

And where our fathers’ ashes be,

Our own may never lie:

Our temple hath not left a stone,

And Mockery sits on Salem’s throne.

 

In: “Hebrew Melodies” (1815)

 

Vista de Jerusalém

(Ludwig Blum: pintor morávio-israelense)

 

Melodia Hebraica

 

A selvagem gazela ágil e bela,

Pasce alegre nos vales de Judá,

Pode as vistas fitar na terra santa,

Beber no manso arroio que além está:

 

Mas Judá já não vê nessas paragens,

Porque gemem com os pais, todos cativos,

As filhas que já teve, cujos olhos,

Que os da linda gazela são mais vivos!

 

Lá do Líbano em cima brandamente

O cedro majestoso a coma alteia.

Mas debalde se busca, entre as ramagens,

Lindos portes das filhas da Judeia!

 

Do que elas mais felizes, as palmeiras

Não se podem apartar do pátrio solo,

As raízes opõem-se ao triste exílio,

Não inclinam a grilhões o altivo colo!

 

Mas nós, pobres, errantes, caminhamos,

Sofrendo do desterro a sorte má!

Não teremos na pátria as nossas cinzas,

A desgraça é que reina hoje em Judá.

 

Em: “Melodias Hebraicas” (1815)

 

Referências:

 

Em Inglês

 

BYRON, George Gordon. The wild gazelle. In: __________. The complete works by Lord Byron. Including his suppressed poems and others never before published. Vol. I. Paris, FR: Baudry’s Foreign Library, 1832. p. 463.

 

Em Português

 

BYRON, George Gordon. Melodia hebraica. Tradução de Joaquim Serra. In: SERRA, Joaquim (Seleção e Tradução). Mosaico: poesias traduzidas. Parahyba, PB: Tipografia de José Rodrigues da Costa, 1865. p. 45.

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