A rigor, tem-se aqui
uma paráfrase do poema original em inglês de Byron, na qual se vê a conversão
de quarto sextilhas em cinco quadras com semelhante teor, a expressar a
profunda paixão e saudade do povo judeu por sua terra natal – uma vez que disperso
pelo mundo todo –, plaga essa idilicamente concebida em suas singularidades:
gazelas selvagens, riachos, colinas, cedros, templos, escombros e assim por
diante.
Byron lança mão das
histórias bíblicas para ancorar os motivos lavrados em cada verso, belos em sua
sonoridade, burilando assim um cântico de clamor pela desolação de uma civilização
milenária, ou de outra forma, de empatia e comiseração pela sina do povo judeu –
à altura da redação do poema ainda não reinstalado na Palestina.
J.A.R. – H.C.
George G. Byron
(1788-1824)
Retrato por Thomas
Phillips
The Wild Gazelle
The wild gazelle on
Judah’s hills
Exulting yet may
bound,
And drink from all
the living rills
That gush on holy
ground;
Its airy step and
glorious eye
May glance in
tameless transport by: –
A step as fleet, an
eye more bright,
Hath Judah witness’d
there;
And o’er her scenes
of lost delight
Inhabitants more fair.
The cedars wave on
Lebanon,
But Judah’s statelier
maids are gone!
More blest each palm
that shades those plains
Than Israel’s
scatter’d race;
For, taking root, it
there remains
In solitary grace:
It cannot quit the
place of birth,
It will not live in
other earth.
But we must wander
witheringly,
In other lands to
die;
And where our
fathers’ ashes be,
Our own may never
lie:
Our temple hath not
left a stone,
And Mockery sits on
Salem’s throne.
In: “Hebrew Melodies”
(1815)
Vista de Jerusalém
(Ludwig Blum: pintor morávio-israelense)
Melodia Hebraica
A selvagem gazela
ágil e bela,
Pasce alegre nos
vales de Judá,
Pode as vistas fitar
na terra santa,
Beber no manso arroio
que além está:
Mas Judá já não vê
nessas paragens,
Porque gemem com os
pais, todos cativos,
As filhas que já
teve, cujos olhos,
Que os da linda
gazela são mais vivos!
Lá do Líbano em cima
brandamente
O cedro majestoso a
coma alteia.
Mas debalde se busca,
entre as ramagens,
Lindos portes das
filhas da Judeia!
Do que elas mais
felizes, as palmeiras
Não se podem apartar
do pátrio solo,
As raízes opõem-se ao
triste exílio,
Não inclinam a
grilhões o altivo colo!
Mas nós, pobres,
errantes, caminhamos,
Sofrendo do desterro
a sorte má!
Não teremos na pátria
as nossas cinzas,
A desgraça é que
reina hoje em Judá.
Em: “Melodias
Hebraicas” (1815)
Referências:
Em Inglês
BYRON, George Gordon.
The wild gazelle. In: __________. The complete works by Lord Byron.
Including his suppressed poems and others never before published. Vol. I.
Paris, FR: Baudry’s Foreign Library, 1832. p. 463.
Em Português
BYRON, George Gordon.
Melodia hebraica. Tradução de Joaquim Serra. In: SERRA, Joaquim (Seleção e
Tradução). Mosaico: poesias traduzidas. Parahyba, PB: Tipografia de José
Rodrigues da Costa, 1865. p. 45.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário