Hesse, assim como outros grandes nomes da cultura ocidental – a exemplo
de Huxley, Emerson, Thoreau e Jung – fizeram do Bhagavad Gita, um dos livros sagrados
dos indianos, roteiro seguro para a detenção de sabedoria de vida e de evolução
espiritual, coroando a existência pelo reconhecimento profundo do eu interior.
Sem dúvida, os reflexos da cultura, filosofia e teologia indiana na obra
de Hesse – sobretudo em “O Lobo da Estepe” e “Siddartha” – resultaram da longa
estada de seus pais na Índia, onde serviram na Estação Missionária Protestante
(“Bassel Mission”).
Este poema, como ele mesmo o afirmou, nada mais é do que uma declaração de
um homem de origem e de formação cristã, no sentido de compreender outras
religiões, principalmente as formas de crença indianas e chinesas, visando descobrir
o que é comum a todas as confissões e formas humanas de religiosidade, assim
como aquilo que está acima de todas as diferenças nacionais, o que pode ser
acreditado e respeitado por todos os povos (HESSE apud SHUKLA, 2010, p.
190-191).
J.A.R. – H.C.
Hermann Hesse
(1877-1962)
Bhagavad Gita
Wieder lag ich
schlaflos Stund um Stund,
Unbegriffenen Leids
die Seele voll und wund.
Brand und Tod sah ich
auf Erden lodern,
Tausende unschuldig
leiden, sterben, modern.
Und ich schwor dem
Kriege ab im Herzen
Als dem blinden Gott
sinnloser Schmerzen.
Und es sprach zu mir
den Friedensspruch
Ein uraltes indisches
Götterbuch:
“Krieg und Friede,
beide gelten gleich,
dein Tod berührt des
Geistes Reich.
Darum kämpfe du und
lieg nicht stille;
Dass du Kräfte regst,
ist Gottes Wille!
Doch ob dein Kampf zu
tausend Siegen führt,
Das Herz der Welt
schlägt weiter unberührt.”
(September 1914)
Poster do Bhagavad Gita
Bhagavad Gita
Mais uma vez deitado
e insone, horas e horas,
a alma ferida e cheia
de incrível tristeza.
Incêndio e morte eu
via na terra a arder,
mil inocentes a
sofrer, morrer, apodrecer.
E no meu coração eu
reneguei a guerra,
cega deusa de males e
aflições sem sentido.
E eis que me assoma a
ressoar, então,
a relembrança da
sombria solidão,
e a palavra de paz me
vem trazer
de um velho livro
sagrado da índia:
“Guerra ou paz, uma
ou outra tanto faz,
pois morte alguma
afeta o reino do espírito.
Abra-se ou feche-se o
pano da paz,
não diminui a penúria
do mundo.
Portanto, luta e não
fiques inerte:
é desígnio de Deus
que cries forças.
Mas, ainda que te
leve a luta a mil triunfos,
há de continuar batendo
intacto o coração do mundo.”
(Setembro 1914)
Referências:
Em Alemão
HESSE, Hermann. Bhagavad Gita.
Disponível neste endereço. Acesso em: 22 jan.
2019.
Em Português
HESSE, Herman. Bhagavad Gita. Tradução
de Geir Campos. In: __________. Andares:
antologia poética. Tradução de Geir Campos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira,
1976. p. 93.
Outra Referência
SHUKLA, Nilesh M. Bhagavad gita and hinduism: what everyone should know. New Delhi,
IN: Readworthy Publications, 2010.
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