Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Edward Field - Nova-iorquinos

Um poema interessante sobre o comportamento dos nova-iorquinos, que costumam fugir às regras das comuns expressões empregadas quotidianamente, nos relacionamentos e contatos informais entre as pessoas, especialmente nas grandes cidades, cujo trato, no mais das vezes, é meramente incidental.

Mas julgo que as observações do poeta, nos dias que correm, valem não só para os nova-iorquinos, como também para os moradores de cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro em especial, onde se percebe o estresse no rosto das pessoas, e muito pouco espaço para um diálogo, ainda que curto, para desanuviar a tensão imposta pela “marcha do mundo capitalista”.

J.A.R. – H.C.

Edward Field
(n. 1924)

New Yorkers

Everywhere else in the country, if someone asks,
How are you? You are required to answer,
like a phrase book, Fine, and you?

Only in New York can you say, Not so good, or even,
Rotten, and launch into your miseries and symptoms,
then yawn and look bored when they interrupt
to go into the usual endless detail about their own.

Nodding mechanically, you look at your watch.
Look, angel, I’ve got to run, I’m late for my… uh…
uh… analyst. But let’s definitely
get together soon.

In just as sincere a voice as yours,
they come back with, Definitely!
and both of you know what that means,
Never.

Tarde no Madison Square: 1910
(Paul Cornoyer: pintor norte-americano)

Nova-iorquinos

Em qualquer outro lugar do país, se alguém lhe pergunta,
“Como você está?”, você é levado a responder,
como num livro de expressões, “Bem, e você?”.

Só em Nova York você pode dizer, “Não tão bem”, ou mesmo,
“Péssimo”, e lançar-se a seus tormentos e sintomas, então bocejar
e parecer entediado quando lhe interrompem para entrar
nos detalhes, habituais e intermináveis, sobre os seus próprios males.

Assentindo mecanicamente, você olha para o relógio.
Veja, anjo, tenho que correr, pois estou atrasado para o meu...
uh... uh... analista. Mas, definitivamente, vamos
nos reunir em breve.

Numa voz tão sincera quanto a sua,
replicam-lhe com, “Definitivamente!”,
embora todos saibam o que isso significa:
“Nunca”.

Referência:

FIELD, Edward. New Yorkers. In: KEILLOR, Garrison (Selector and Introducer). Good poems. New York, NY: Penguin Books, 2003. p. 40.

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