Este poema vai com dedicatória aos magistrados brasileiros – grande
parte deles, é claro! –, um caso de polícia naquilo que extorquem a nação com
os seus vencimentos nababescos, robustecidos com auxílios-moradia, ainda que residam
no mesmo lugar onde exerçam os seus misteres e, ali, possuam residência própria
– e, tudo isso, para produzirem uma justiça morosa e duvidosa!
A plebe, por outro giro, tem o “direito” de ficar aglomerada na
senzala, mal alimentada, mal vestida, mal instruída e mal assistida, pois os
cuidados de saúde foram transferidos inopinadamente à providência divina, desde
que um presidente boquirroto deu ensejo a que os médicos cubanos fossem
requisitados de volta pelo governo da ilha, deixando á míngua todos os que
deles dependiam, nos extremos cantões deste Pindorama.
J.A.R. – H.C.
Geir Campos
(1924-1999)
Lição
Sai desse livro, meu
filho, e dá um pulo cá fora:
olha esta rua
onde boiada não passa
nem passa boi
mas moreninha de
cabelo cacheado
passa e passa moreno
e passa preta
e passa preto e passa
branca e passa branco
numa lição de cores
brasileira
humanizando o azul da
tarde franca.
Agora vai naquele muro
e caligrafa este exercício:
“Abaixo o Homem
Sanguessuga do Homem!”
A redenção de Cam
(Modesto Brocos:
pintor espanhol)
Referência:
CAMPOS, Geir. Lição. In: SANT’ANNA,
Affonso Romano de et al. Violão de rua.
V. II. Rio de Janeiro, GB: Civilização Brasileira, 1962. p. 52. (“Cadernos do
Povo Brasileiro”; Volume Extra)
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