O poeta descreve um cenário bucólico, por meio de imagens aprazíveis em
frases que, a despeito da harmonia colimada, subvertem a ordem natural – ou
seria aquilo que interpretamos como natural?! – de alguns eventos reproduzidos,
v.g., não são as moças que saboreiam um gostoso banho no riacho doce, mas o
contrário, o riacho que as envolve e nisso se compraz.
Assim, até dá para acreditar na paz: um estado de espírito que nos faz entrar
em sintonia com a natureza, muito parecido com aquele sintetizado por Sá, Rodrix
e Guarabira em “Casa no Campo” (1972), canção imortalizada na voz de Elis Regina. Como
no poema de Ehrenstein, há carneiros e cabras pastando solenes no jardim!
J.A.R. – H.C.
Albert Ehrenstein
(1886-1950)
Friede
Die Bäume lauschen
dem Regenbogen,
Tauquelle grünt in
junge Stille,
Drei Lämmer weiden
ihre Weiße,
Sanftbach schlürft
Mädchen in sein Bad.
Rotsonne rollt sich
abendnieder,
Flaumwolken ihr
Traumfeuer sterben.
Dunkel über Flut und
Flur.
Frosch-Wanderer
springt großen Auges,
Die graue Wiese hüpft
leis mit.
Im tiefen Brunnen
klingen meine Sterne.
Der Heimwehwind weht
gute Nacht.
Uma explosão de paz
(Georgia Noble:
pintora inglesa)
Paz
As árvores espreitam
o arco-íris,
A fonte de orvalho
verdeja em calma fresca,
Três cordeiros pastam
sua brancura,
Riacho doce saboreia
moças em seu banho.
Sol vermelho rola
noite abaixo,
Nuvens-penugens
morrem seu fogo-sonho.
Escuro sobre maré e
seara.
Sapo-andarilho salta
com grande olho,
A relva cinza também
pula discreta.
Na profunda fonte
soam minhas estrelas.
O vento-saudade
ventila boa noite.
Referência:
EHRENSTEIN, Albert. Friede / Paz.
Tradução de Claudia Cavalcanti. In: BECHER, Johannes R. et al. Poesia expressionista alemã: uma
antologia. Organização e tradução de Claudia Cavalcanti. Edição bilíngue
ilustrada. São Paulo, SP: Estação Liberdade, 2000. Em alemão: p. 64; em
português: p. 65.
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