O Nobel de 1901 dedica-se ao tema da vida do filósofo de origem judaica
Bento de Espinosa, do mesmo modo como o fizeram o brasileiro Machado de Assis e
o argentino Jorge Luis Borges, cujos sonetos foram objeto da postagem constante
neste endereço do
bloguinho.
Uma curiosidade? À leitura de “Ulisses”, de James Joyce – há uns dez
anos, assim que foi publicado pelo selo Alfaguara da Editora Objetiva, na tradução
da Professora Bernardina da Silveira Pinheiro –, grifei inúmeras passagens do
livro, algumas das quais fazem menção a Espinosa, no caso, quase sempre em
associação com o personagem Leopold Bloom, também de origem judaica, detentor
de uma estante na qual constava os “Pensamentos de Espinosa”, em couro granadino.
(JOYCE, 2007, p. 757)
J.A.R. – H.C.
Sully Prudhomme
(1839-1907)
C’etait un homme doux...
C’était un homme
doux, de chétive santé,
Qui, tout en
polissant des verres de lunettes,
Mit l’essence divine
en formules très nettes,
Si nettes que le
monde en fut épouvanté.
Ce sage démontrait
avec simplicité
Que le bien et le mal
sont d’antiques sornettes
Et les libres mortels
d’humbles marionnettes
Dont le fil est aux
mains de la nécessité.
Pieux admirateur de
la sainte Ecriture,
Il n’y voulait pas
voir un dieu contre nature ;
À quoi la synagogue
en rage s’opposa.
Loin d’elle,
polissant des verres de lunettes,
Il aidait les savants
à compter les planètes.
C'était un homme
doux, Baruch de Spinoza.
Baruch Spinoza
(1632-1677)
Autoria Desconhecida
Ele era um homem doce...
Ele era um homem
doce, embora delicada
A saúde. E polindo os
vidros às lunetas
Pôs a essência divina
em fórmulas corretas,
Tão claras que trazia
a multidão pasmada.
Demonstrava,
prudente, e com simplicidade,
Que são o bem e o mal
velharias pequenas,
E que os livres
mortais são títeres apenas,
Cujos fios maneja a
atroz necessidade.
Piedoso admirador da
Sagrada Escritura,
Não queria ali ver um
Deus contra natura,
E a ele a Sinagoga
opunha-se raivosa.
Longe dela, polindo
os vidros das lunetas,
Os sábios ajudava a
contar os planetas:
Ele era um homem
doce, o Baruch de Espinosa.
Referências:
JOYCE, James. Ulisses. Tradução de Bernardina da Silveira Pinheiro. Rio de
Janeiro, RJ: Objetiva (Selo Alfaguara), 2007.
PRUDHOMME, Sully. C’etait un homme
doux... / Ele era um homem doce... Tradução de José Jeronymo Rivera. In:
RIVERA, José Jeronymo (Organização e tradução). Poesia francesa: pequena antologia bilíngue. 2. ed., revista e
aumentada. Brasília, DF: Thesaurus, 2005. Em francês: p. 106; em português: p.
107.
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