A poetisa carioca,
radicada em Brasília, espera que os outros sejam condescendentes caso não
corresponda aos seus apelos, pois em contraposição às ações que dela se
esperam, tem ela outras tantas missões que talvez lhe façam mais sentido,
naquilo que forem capazes de contentar-lhe o espírito.
Brevidade,
praticidade, lógica, rudeza, justiça e lucidez são os pontos levantados na
rogativa da autora, para os quais há embaraçantes contrapontos que a levam à
outra margem do rio, ali onde há uma incontinência, um transbordamento a
obstá-la de manter as coisas sob absoluto controle.
J.A.R. – H.C.
Aglaia Costa de Souza
Rogativa
Não me peçam
para ser breve:
estou enterrando um
amor
(e o amor está sempre
vivo).
Não me peçam
para ser prática:
estou destecendo uma
vida
(e a vida mal
principia).
Não me peçam
para ser lógica:
só, estou nadando em
salmoura
(e a praia ainda se
avista).
Não me peçam
para ser rude:
estou despregando os
cravos
(e a carne recende,
aflita).
Não me peçam
para ser justa:
estou desatando uma
teia
(e a trama se urde
sozinha).
Não me peçam
para ser lúcida:
estou arrancando
raízes
(e as ramas loucas
florindo).
Escutando Chopin
(Vladimir Volegov:
pintor russo)
Referência:
COSTA DE SOUZA,
Aglaia. Rogativa. In: __________. Murmúrio: poesia.
Apresentação de Carlos Alberto dos Santos Abel. Brasília, DF: Thesaurus &
Asefe, 1993. p. 73.
❁
Lindíssima poesia, esteve algum tempo exposta em um banner no Parque de Águas Claras...
ResponderExcluirPrezado(a),
ExcluirÓtimo saber disso: a poesia mais ostensiva aos olhos das pessoas, como em muitas cidades pelo mundo, nas paredes de metrôs, nas fachadas de prédios, em banners!
Muito grato pela nota.
João A. Rodrigues
Eu tenho um quadro de aglaia de 80.
ResponderExcluirTem algum valor Para vender?
Prezado(a),
ExcluirInfelizmente, não tenho conhecimentos técnicos sobre avaliações de obras de arte tangíveis. Aconselharia, por conseguinte, que você procurasse assistência junto a um marchand, especialista que atua na área.
Atenciosamente,
João A. Rodrigues