Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Marcel Thiry - A poesia da rua tranquila ‎

Há um discurso do ente lírico direcionado a alguém, para que se contente em ter a felicidade ao seu alcance, agora que a rua encontrou sossego e esparge acolhedora poesia, depois de um dia ensolarado, longo e alvoroçado no centro urbano.

Fala-se em perdão e pode-se supor que há alguma indulgência no amor tranquilo vivenciado pelo destinatário da mensagem, a quem se recomenda passar a noite a usufruir o bem-querer dos irmãos, talvez camaradas, no instante mesmo em que os primeiros resplendores do ocaso espargem uma amorosa e tentadora atmosfera.

J.A.R. – H.C.

Marcel Thiry
(1897-1977)

La poésie de la rue calme

La poésie de la rue calme
Est accueillante après ce trop long jour
Comme le fut autrefois à telle âme
Tel calme amour

Ne cherche pas d’autres images
Pour dire le pardon qui descend sur ta vie
Que celle de la rue assagie
Après trop de soleil et de gens en tapage;

Contente-toi ce soir d’aimer comme des frères
Les pavés las, les calmes maisons fatiguées,
Contente-toi d’aimer les premiers réverbères,
Va, va, ne cherche pas de rime à ton bonheur!

Dans: “Poésie: 1924-1957”

O Panteão
(Antoine Blanchard: pintor francês)

A poesia da rua tranquila

A poesia da rua tranquila
É acolhedora depois deste dia demasiado longo
Como o foi anteriormente a tal alma
Tal tranquilo amor

Não procures por outras imagens
Para expressar o perdão que pousa sobre a tua vida
Além dessa da rua quieta
Depois de muito sol e pessoas em alvoroço;

Contenta-te esta noite com o amor dos irmãos
As calçadas extenuadas, as casas fatigadas e tranquilas,
Contenta-te com o amor dos primeiros revérberos,
Vai, vai, não procures rima para a tua felicidade!

De: “Poesia‎: 1924-1957” 

Referência:

THIRY, Marcel. La poésie de la rue calme. In: DÉCAUDIN, Michel (Éd.). Anthologie de la poésie française du XXe siècle. Préface de Claude Roy. Édition revue et augmentée. Paris, FR: Gallimard, 2000. p. 376.

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