Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Erik Axel Karlfeldt - Adeus ‎

Tem-se aqui uma narrativa sobre a vida e a morte, num vagar correlacionado aos efeitos do tempo sobre a natureza, a relatar o contato próximo de alguém que, assumindo a voz enunciadora do poema, despede-se de uma pessoa na iminência do óbito, certamente uma dona que lhe é íntima.

A tristeza perante a morte, momento no qual os gestos e os sentimentos superam em muito as palavras, faz deste poema um belo antecedente a outras obras em terceiros domínios que não a literatura, como, por exemplo, o filme “Mãe e Filho”, de Aleksandr Sokurov (1997), cujo enredo trata do derradeiro dia de uma mãe moribunda, acompanhada de perto por seu filho.

J.A.R. – H.C.

Erik Axel Karlfeldt
(1864-1931)

Avskedet

Vi står du så plötsligt för mig,
du bleknade, vackra bild?
Vill du nicka mig tröst i den djupa höst
där jag känner mig sänkt och förspilld?
Den stunden nu från den stunden
av ett människoliv är skild.

Jag hörde du var dålig.
Så kom jag till din bädd,
men studsade för din vita hamn,
där du låg som till avfärd klädd.
Du hälsade glatt: “Jo, jag lever än.
Stig fram och var inte rädd”.

Vi talade lugnt, då drog du ner
mitt huvud till din barm
och gav mig den enda kyss vi bytt,
en hastig och febervarm.
Jag såg på den grymma vår som stod
och log vid din fönsterkarm.

Och nästan vardagsmuntert
du bjöd mig ditt adjö
och sade du visste mer än väl,
hur snart du var dömd att dö.
Och allt som våren framskred,
ditt liv smalt bort som snö.

Wotan despede-se de Brunhilde
“As Valquírias”, de Richad Wagner
(Ferdinand Leeke: pintor alemão)

Adeus

Por que te ergues tão de súbito à minha frente,
ó bela imagem empalidecida?
Queres com um aceno trazer-me o consolo
na profundeza do outono
em que me enterrei e me perdi?
Uma vida humana separa
o ser e o ter sido.

Vim a saber que estavas mal
e corri à tua cabeceira,
mas recuei diante de tua palidez.
Estavas deitada, vestida para a viagem
e me saudaste alegremente: “Vês, inda estou viva;
chega-te para mim, não tenhas medo”.

Calmamente nos contemplamos e então me puxaste
a cabeça de encontro a teu regaço
e me deste o único beijo que trocamos,
rápido e ardente de febre.
Eu olhava a cruel primavera
que sorria à tua janela.

Alegre, como num dia habitual,
me deste o teu adeus,
e me disseste que sabias
que em breve morrerias.
E à medida que chegava a primavera
tua vida se fundia como a neve.

Referências:

Em Sueco

KARLFELDT, Erik Axel. Avskedet. In: __________. Dikter. Stockholm, SE: Wahlström och Widstrand & Alb. Bonniers Boktryckeri, 1956. s. 379-380. Disponível neste endereço. Acesso em: 4 jan. 2018.

Em Português

KARLFELDT, Erik Axel. Adeus. Tradução de Ivo Barroso. In: __________. Poesias. Tradução de Ivo Barroso. Estudo introdutivo de Gunnar Brandell. Rio de Janeiro, GB: Editora Opera Mundi, 1973. p. 217. (“Biblioteca dos Prêmios Nobel de Literatura”)

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