A cena descrita por Williams no poema abaixo é a retratada pelo pintor
flamengo, Pieter Bruegel, aposta a seguir, entre o original em inglês e a versão
ao português: ao exame do poeta, sobressai a incredulidade dos presentes com a
geração de um bebê por uma Virgem.
Logo a voz lírica volta a frisar a cena copiada aos mestres italianos,
mas com uma diferença: Bruegel dedicou-se a acentuar os caracteres demarcados
pela crônica sobre tal evento, máxime nos olhos desalentados da Virgem, com o
objetivo de torná-la mais natural e profunda.
J.A.R. – H.C.
William Carlos Williams
(1883-1963)
The Adoration of the Kings
From the Nativity
which I have already
celebrated
the Babe in the
Mother’s arms
the Wise Men in their
stolen
splendor
and Joseph and the
soldiery
attendant
with their
incredulous faces
make a scene copied
we’ll say
from the Italian
masters
but with a difference
the mastery
of the painting
and the mind the
resourceful mind
that governed the
whole
the alert mind
dissatisfied with
what it is asked to
and cannot do
accepted the story
and painted
it in the brilliant
colors of the
chronicler
the downcast eyes of
the Virgin
as a work of art
for profound worship
A Adoração dos Reis
(Pieter Bruegel:
pintor flamengo)
A Adoração dos Reis
A partir da
Natividade
por mim já celebrada
o bebê nos braços da
Mãe
os Reis Magos com o
seu subtraído
esplendor
e José e a milícia
presente
com as suas fisionomias
incrédulas
fazem uma cena
copiada a bem dizer
dos mestres italianos
mas com uma diferença
o domínio
da pintura
e a mente a engenhosa
mente
a governar o conjunto
a mente alerta insatisfeita com
o que se lhe pede
e não é capaz de
fazer
aceitou a história e
a pintou
nas brilhantes
cores do cronista
os olhos desalentados
da Virgem
como uma obra de arte
para profunda
adoração
Referência:
WILLIAMS, William Carlos. The adoration
of the kings. In: HOLLANDER, John; McCLATCHY, J. D. (Sel. & Ed.). Christmas poems. New York, NY: Alfred
A. Knopf, 1999. p. 78-79. (‘Everyman’s Library: Pocket Poets’)
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