Para este famoso poema da poetisa inglesa, o poeta Manuel Bandeira, como
se nota, apresenta uma espécie da paráfrase e não exatamente uma tradução que
se aproxime do literal. Mas pouco importa: o que vale é a beleza, a fluidez e a
musicalidade dos versos.
Christina e o seu amado, ainda vivos, são as duas figuras entre as quais
a mensagem do poema se desenrola. Contudo, a poetisa antevê a própria morte e, para
tal estado, enfatiza sentimentos distintos em cada uma das estrofes: na primeira,
propõe a dispensa do luto em razão de seu iminente falecimento; na segunda, lastima a ausência
de experiências pungentes que somente em vida podem ser apreciadas.
J.A.R. – H.C.
Christina Rossetti
(1830-1894)
Pintura de Dante
Charles Gabriel Rossetti
Song
When I am dead, my
dearest,
Sing no sad songs for
me;
Plant thou no roses
at my head,
Nor shady cypress
tree:
Be the green grass
above me
With showers and
dewdrops wet;
And if thou wilt,
remember,
And if thou wilt,
forget.
I shall not see the
shadows,
I shall not feel the
rain;
I shall not hear the
nightingale
Sing on, as if in
pain:
And dreaming through
the twilight
That doth not rise
nor set,
Haply I may remember,
And haply may forget.
A Morte da Jovem
(Jakub Schikaneder:
pintor tcheco)
Canção
Em minha sepultura,
Ó meu amor, não
plantes
Nem cipreste nem
rosas;
Nem tristemente
cantes.
Sê como a erva dos
túmulos
Que o orvalho
umedece.
E se quiseres,
lembra-te;
Se quiseres, esquece.
Eu, não verei as
sombras
Quando a tarde
baixar;
Não ouvirei de noite
O rouxinol cantar.
Sonhando em meu crepúsculo,
Sem sentir, sem
sofrer,
Talvez possa
lembrar-me,
Talvez possa
esquecer.
Referências:
Em Inglês
ROSSETTI, Christina. Song. In:
__________. Poems and prose. Edited
with na Introduction and Notes by Simon Humphries. Oxford, NY: Oxford University
Press, 2008. p. 21-22. (“Oxford World’s Classics”)
Em Português
ROSSETTI, Christina. Canção. In:
BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos.
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956. p. 143. (Coleção
“Rubáiyát”).
❁
Nunca esqueci deste poema, como alguns outros preciosamente traduzidos/interpretados por Bandeira. Foi um dos primeiros que li na adolescência. Obrigada pela partilha.
ResponderExcluirPrezada Bluuu: Desculpe-me o erro na exclusão, totalmente sem querer, no comentário que você postou num escrito de Gibran. De fato, queria lhe responder, como ora lhe faço, mas acabei selecionando "Excluir Comentário" - e o sistema não tem a passagem "Você tem certeza de que quer excluir este comentário?", pois exclui direto.
ExcluirSeja como for, agradeço-lhe muito por esta e pela outra nota.
Um abraço.
João A. Rodrigues