Muito distante das honras costumeiramente atribuídas aos soldados mortos
em guerras ao redor do mundo, o poeta deplora as ações desses mesmos soldados,
que lhe parecem refletir o nonsense dos conflitos bélicos em apreço, mais
espelhando os interesses de nações imperialistas em busca de dominância, quer
econômica quer de outras ordens, na geopolítica mundial.
Os soldados, a seu ver, deixam-se levar por interesses que não são os
seus ou os do próximo, abrutalhando-se quando de posse de armamentos,
dizimando, muitas vezes, populações que nada têm a ver com o conflito, a
exemplo do ocorrido nas reprováveis incursões norte-americanas em território
vietnamita.
J.A.R. – H.C.
Tumba do Soldado Desconhecido
Ottawa (CA)
Poema ao Soldado Desconhecido
Que não o dos Monumentos
Os homens
arrancaram-te a consciência
E automatizaram os
teus nervos.
Então, tu não te
emocionaste
Quando abriste o
peito do teu irmão,
Quando invadiste os
lares
E o ventre das
virgens.
Tu ficaste na
lembrança apavorada
Das crianças a quem
mataste os pais,
A quem destruíste os
asilos,
A quem atiraste ao
mar o pão.
Tu também tens um
monumento
Nos olhos espantados
dos órfãos,
Nos corpos mutilados
dos teus irmãos,
Nos filhos que,
inconscientemente,
Deixaste germinando
na maldição e no pranto
das mulheres
violentadas.
Soldado Desconhecido
Os homens
arrancaram-te a consciência
E automatizaram os
teus nervos.
Que bem não te fariam
Se te arrancassem a
memória!
Tumba do Soldado Desconhecido
Virgínia (EUA)
Referência:
FARES, Ânuar. Poema ao soldado
desconhecido que não o dos monumentos. In: JORGE, J. G. de Araújo (Comp.). Antologia da nova poesia brasileira.
Rio de Janeiro: Casa Editora Vecchi Ltda., 1948. p. 39-40.
❁
Lindo poema.Amei.
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