O dramaturgo alemão reforça o poder de mudança que o povo detém, quando
resolve ir de encontro à opressão imposta pelos dominadores: segundo ele, nada
fica, indefinidamente, como sempre esteve, pois a impermanência heraclitiana é
a regra estável que preside a realidade do mundo.
Como se vê, o poema infratranscrito é um dos muitos exemplares engajados
da poesia do autor, faceta essa que se estende também às suas obras teatrais,
muito voltadas a estimular a consciência política e social das massas, de forma
a fazer movimentar a dialética da História: tese, antítese e síntese como nora
espiralada que avança sob o influxo do agir humano.
J.A.R. – H.C.
Bertolt Brecht
(1898-1956)
Lob der Dialektik
Das Unrecht geht
heute einher mit sicherem Schritt.
Die Unterdrücker
richten sich ein auf zehntausend Jahre.
Die Gewalt
versichert: So, wie es ist, bleibt es.
Keine Stimme ertönt
außer der Stimme der Herrschenden.
Und auf den Märkten
sagt die Ausbeutung laut:
Jetzt beginne ich
erst.
Aber von den
Unterdrückten sagen viele jetzt:
Was wir wollen, geht
niemals.
Wer noch lebt, sage
nicht: niemals!
Das Sichere ist nicht
sicher.
So, wie es ist,
bleibt es nicht.
Wenn die Herrschenden
gesprochen haben,
Werden die
Beherrschten sprechen.
Wer wagt zu sagen:
niemals?
An wem liegt es, wenn
die Unterdrückung bleibt? An uns.
An wem liegt es, wenn
sie zerbrochen wird?
Ebenfalls an uns.
Wer niedergeschlagen
wird, der erhebe sich!
Wer verloren ist,
kämpfe!
Wer seine Lage
erkannt hat, wie soll der aufzuhalten sein?
Denn die Besiegten
von heute sind die Sieger von morgen,
Und aus Niemals wird:
Heute noch!
O Revolucionário
(Armando Mariño:
pintor cubano)
Elogio da Dialética
A injustiça passeia
pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se
estabelecem por dez mil anos.
Só a força os
garante. Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se
levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da
exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de
começar!
E entre os oprimidos
muitos dizem:
Não se realizará
jamais o que queremos!
O que ainda vive não
diga: jamais!
O seguro não é
seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores
falarem
falarão também os
dominados.
Quem se atreve a
dizer: jamais?
De quem depende a
continuação desse domínio? De nós.
De quem depende a sua
destruição? Igualmente de nós.
Os caídos que se
levantem!
Os que estão perdidos
que lutem!
Quem reconhece a
situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora
serão os vencedores de amanhã.
E o “hoje” nascerá do
“jamais”.
Referências:
Em Alemão:
BRECHT, Bertot. Lob der dialektik. In: EBRECHT,
Katharina. Heiner Müllers lyrik:
quellen und vorbilder. Würzburg, DE: Königshauesen & Newmann, 2001. s. 94.
Em Português:
BRECHT, Bertolt. Elogio da dialética.
Tradução de Edmundo Moniz. In: __________. Antologia
poética. Seleção e tradução de Edmundo Moniz. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Elo Editora, 1982. p. 71.
❁
Marvelous!
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