Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Odylo Costa, Filho - Os Reis ‎

Um poema bem aderente à história contada na Bíblia, ou melhor, narrada em apenas um dos quatro Evangelhos, o de Mateus. Ou não exatamente!: ali não constam os nomes dos magos, vale dizer, Gaspar, Melchior, Baltasar, três ao todo, número que, de fato, foi deduzido da quantidade de dádivas ofertadas ao Menino – ouro, incenso e mirra.

E se o internauta se dispuser a pesquisar acerca das grandes obras pictóricas, em especial as italianas, a retratar a cena da Adoração dos Magos, verá quão vário é o pano de fundo onde os fatos se passam – em cavernas, estábulos, pousadas ou mesmo em casas –, autênticas soluções aos desafios técnicos levantados por esse que é um dos temas favoritos da arte cristã.

J.A.R. – H.C.

Odylo Costa, Filho
(1914-1979)

Os Reis

Eram três reis magos
vindos do Oriente
atrás de uma estrela
que espantava a gente

pela claridade.
Parecia uma asa
feita só de luz.
Parou numa casa

humilde, em Belém,
lá onde Maria
entre o boi e o burro
no colo trazia

Jesus. Mas, sabendo
quem era o Menino,
eles o adoraram
com o rei divino.

Um lhe trouxe mirra:
era homem, sofria.
Outro deu-lhe ouro:
era rei, podia.
E o terceiro incenso
que a Deus se devia.

Gaspar, Melchior, Baltasar,
reis magos de vária raça,
neles o mundo se une
numa divina argamassa

no sonho da paz eterna.
E no colo de Maria
Jesus dorme. O ar que respira
varre o chão da estrebaria.

Em: “A Vida de Nossa Senhora” (1977)

Os Três Reis Magos
(Sheri Wiseman: pintora norte-americana)

Referência:

COSTA FILHO, Odylo. Os reis. In: __________. Poesia completa. Edição preparada por Virgílio Costa, com a colaboração do Instituto Odylo Costa, Filho. Rio de Janeiro, RJ: Aeroplano; Fundação Biblioteca Nacional, 2010. p. 342-343.


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