Um poema bem aderente à história contada na Bíblia, ou melhor, narrada
em apenas um dos quatro Evangelhos, o de Mateus. Ou não exatamente!: ali não
constam os nomes dos magos, vale dizer, Gaspar, Melchior, Baltasar, três ao todo,
número que, de fato, foi deduzido da quantidade de dádivas ofertadas ao Menino –
ouro, incenso e mirra.
E se o internauta se dispuser a pesquisar acerca das grandes obras
pictóricas, em especial as italianas, a retratar a cena da Adoração dos Magos,
verá quão vário é o pano de fundo onde os fatos se passam – em cavernas, estábulos,
pousadas ou mesmo em casas –, autênticas soluções aos desafios técnicos
levantados por esse que é um dos temas favoritos da arte cristã.
J.A.R. – H.C.
Odylo Costa, Filho
(1914-1979)
Os Reis
Eram três reis magos
vindos do Oriente
atrás de uma estrela
que espantava a gente
pela claridade.
Parecia uma asa
feita só de luz.
Parou numa casa
humilde, em Belém,
lá onde Maria
entre o boi e o burro
no colo trazia
Jesus. Mas, sabendo
quem era o Menino,
eles o adoraram
com o rei divino.
Um lhe trouxe mirra:
era homem, sofria.
Outro deu-lhe ouro:
era rei, podia.
E o terceiro incenso
que a Deus se devia.
Gaspar, Melchior,
Baltasar,
reis magos de vária
raça,
neles o mundo se une
numa divina argamassa
no sonho da paz
eterna.
E no colo de Maria
Jesus dorme. O ar que
respira
varre o chão da
estrebaria.
Em: “A Vida de Nossa Senhora” (1977)
Os Três Reis Magos
(Sheri Wiseman:
pintora norte-americana)
Referência:
COSTA FILHO, Odylo. Os reis. In:
__________. Poesia completa. Edição
preparada por Virgílio Costa, com a colaboração do Instituto Odylo Costa,
Filho. Rio de Janeiro, RJ: Aeroplano; Fundação Biblioteca Nacional, 2010. p.
342-343.
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