Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

François Coppée - Janeiro ‎

De um poema em doze partes, cada uma a corresponder aos doze meses do ano, vem a postagem deste dia, já avançado no presente janeiro, o qual, no hemisfério norte, situa-se no meio da estação meteorológica do inverno, entre o solstício de dezembro e o equinócio de março.

Daí as menções, ao longo de suas estrofes em forma de quadra, à queda da neve e ao voo dos pássaros em direção ao sul, assim que o outono se encerra, até que cheguem as “horas suaves” de abril, e a primavera multicolorida se sobreponha à paisagem uniformemente nívea.

J.A.R. – H.C.

François Coppée
(1842-1908)

Janvier

Songes-tu parfois, bien-aimée,
Assise près du foyer clair,
Lorsque sous la porte fermée
Gémit la bise de l’hiver,

Qu’après cette automne clémente,
Les oiseaux, cher peuple étourdi,
Trop tard, par un jour de tourmente,
Out pris leur vol vers le Midi;

Que leurs ailes, blanches de givre,
Sonc lasses d’avoir voyagé;
Que sur le long chemin à suivre
Il a neigé, neigé, neigé;

Et que, perdus dans la rafale,
Ils sont là, transis et sans voix,
Eux dont la chanson triomphale
Charmait nos courses dans les bois?

Hélás! comme il faut qu’il en meure
De ces émigrés grelottants!
Y songes-tu? Moi, je les pleure,
Nos chanteurs du dernier printemps.

Tu parles, ce soir où tu m’aimes,
Des oiseaux du prochain Avril;
Mais ce ne seront plus les mêmes,
Et ton amour attendra-t-il?

É Inverno
(Gogi Chagelishvili: pintor georgiano)

Janeiro

Acaso, pensas, amada,
– Unida ao claro fogão,
Por sob a porta fechada
Geme o hibernal furacão; –

Que após o outono piedoso,
Os pássaros, povo exul, (*)
Por um dia tormentoso
Voaram todos ao Sul?

Que suas asas nevadas
Fatigou tanto viajar,
E sobre as longas estradas
’Steve a nevar, a nevar?...

E, mudos, tristes, transidos,
Perderam-se nas solidões?
Que passeávamos unidos
À voz das suas canções?

Ei! Sob os gelos perecem!
Trêmulo bando infeliz!
Pensas neles? Emudecem
Seus cantos primaveris!

Falas-me em horas suaves,
Das aves de abril em flor.
Mas outras serão as aves,
E esperará teu amor?...

Valentim Magalhães
(29 de abril de 1881)

Nota de Múcio Leão:

Os Meses

Foi este poema traduzido em colaboração por Valentim Magalhães e Raimundo Correia. Publicado em “A Comédia” nos meses de abril e maio de 1881, trazia cada dia a assinatura de seus autores.

Dois números desse poema – “Maio” e “Dezembro” – foram feitos sem colaboração de Valentim Magalhães; e Raimundo Correia, por esse motivo, os recolheu à coletânea das Sinfonias. Dois números – o de Janeiro e o de Agosto – foram feitos só por Valentim. (CORREIA, 1948, p. 448)

Elucidário:

Exul – Exilado, desterrado.

Referência:

COPPÉE, François. Janvier / Janeiro. Tradução de Valentim Magalhães. In: __________. Poesias completas de Raimundo Correia. Vol. II. Organização, prefácio e notas de Múcio Leão. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 1948. Em francês: p. 449; em português: p. 373-374.

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