Tendo chegado aos cinquenta anos, parece-me que o autor irlandês se põe
a questionar se, nessa idade, ainda pode o homem continuar sonhando – e tanto
pior se com insofismáveis quimeras. E com o impulso criativo atenuado – afinal,
a lua já então se desvaneceu – o poeta lamenta o descaminho de sua
criatividade.
Aqui estão, lado a lado, as imagens arquetípicas da lua – a presidir a
imaginação – e do sol – a reger o mundo físico. Assim, de sua condição
fantasista na primeira idade, tem agora Yeats que suportar um estado mental
depreciado e cabisbaixo.
J.A.R. – H.C.
W. B. Yeats
(1865-1939)
Lines Written in Dejection
When have I last
looked on
The round green eyes
and the long wavering bodies
Of the dark leopards
of the moon?
All the wild witches,
those most noble ladies,
For all their
broom-sticks and their tears,
Their angry tears,
are gone.
The holy centaurs of
the hills are vanished;
I have nothing but
the embittered sun;
Banished heroic
mother moon and vanished,
And now that I have
come to fifty years
I must endure the
timid sun.
A Dama e o Dragão
Versos Escritos na Prostração
Quando foi que
avistei pela última vez
Os redondos olhos
verdes e os corpos esguios e ondulantes
Dos leopardos escuros
da lua?
Todas as feiticeiras
selvagens, aquelas nobilíssimas senhoras,
Por todas as suas
vassouras e lágrimas,
Suas raivosas
lágrimas, se foram.
Os centauros sagrados
das colinas desapareceram;
Já nada tenho senão o
amargurado sol;
Banida e desvanecida
a heroica mãe lua,
E havendo eu chegado
aos cinquenta anos,
Tenho que sujeitar-me
ao tímido sol.
Referência:
YEATS, W. B. Lines written in
dejection. In: __________. Collected
poems: complete & unabridged. Whit a introduction by Robert Mighall. London,
EN: Macmillan, 2016. p. 207. (“Macmillan Collector’s Library”; v. 13)
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