Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

William Vaughn Moody - Harmônicos

Em soneto com distribuição gráfica diferente da tradicional, Moody expressa-se numa poética filosófica cujo apelo destina-se ao coração e à alma, ou seja, com limitadas pretensões argumentativas ou lógicas.

Nesse plano, pouco importa se se concebe o universo como um feliz malabarismo dos átomos ou como uma essencial unidade de mente e espírito, a partir da qual tudo o que importa emana. O coração do poeta mostra-se suficientemente capaz de verter em meios expressivos os harmônicos adormecidos em seus nós.

J.A.R. – H.C.

William Vaughn Moody
(1869-1910)

Harmonics

This string upon my harp was best beloved:
I thought I knew its secrets through and through;
Till an old man, whose young eyes lightened blue
‘Neath his white hair, bent over me and moved
His fingers up and down, and broke the wire
To such a laddered music, rung on rung,
As from the patriarch’s pillow skyward sprung
Crowded with wide-flung wings and feet of fire.

O vibrant heart! so metely tuned and strung
That any untaught hand can draw from thee
One clear gold note that makes the tired years young −
What of the time when Love had whispered me
Where slept thy nodes, and my hand pausefully
Gave to the dim harmonics voice and tongue?

Retrato de Maximilien Gardel Tocando Harpa
(Nicolas François Regnault: pintor francês)

Harmônicos

Essa corda sobre a minha harpa era a mais amada:
Pensava eu que conhecia os seus segredos por completo;
Até que um velho, cujos jovens olhos azuis brilhavam
Sob os seus cabelos brancos, inclinou-se sobre mim e
Movendo os dedos para cima e para baixo, fez troar o fio
Com uma música tão escalonada, degrau a degrau,
Desde o coxim do patriarca até o céu fendido
E tomado por asas de grande envergadura e pés de fogo.

Ó vibrante coração! tão ajustadamente afinado e retesado    
Que qualquer mão não adestrada é capaz de extrair de ti
Uma nota solta e dourada que remoça os cansados anos –
Em que conjunção do tempo o Amor me segredou     
Onde repousavam os teus nós, e minha mão pausadamente
Concedeu voz e língua aos sombrios harmônicos?

Referência:

MOODY, William Vaughn. Harmonics. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 196.

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