Aos trabalhadores de toda a Terra, assim como o “Manifesto do Partido
Comunista”, de Marx & Engels, dirige-se este poema do longevo poeta
carioca, explico-me, aos proletários que compõem o “doloroso corpo mapa-múndi”,
a gotejar o sangue de suas artérias.
É o incessante embate “capital x trabalho”, com o substancial exército da
mão de obra submetido às “vontades” do maquinário, em sua busca vã de alcançar
um lugar ao sol. Conseguirá? Pergunta-se Milano: “Marcha de heróis ou leva de
prisioneiros?”
J.A.R. – H.C.
Dante Milano
Retrato de Cândido
Portinari
(1899-1991)
Os Trabalhos do Mundo
Bate, coração do
Mundo,
Bem escuto o teu
ritmo,
Os saltos do sangue
humano correndo pelas artérias
Do doloroso corpo
mapa-múndi.
Os pés em marcha, as
máquinas gesticulando,
A terra em seu labor
de guerra eterna.
Ímpeto de lutar
Por qualquer coisa
que ainda há de acontecer.
Pelo que outrora os
sinos repicaram,
Pelo que agora os
apitos gritam desesperadamente,
Pela explosão de um
sol
Brilhando no aço das
lanças e dos cascos
Dos cavaleiros com
penachos, sob bandeiras,
Ao lado a procissão
misteriosa das sombras no chão,
Marcha de heróis ou
leva de prisioneiros?
As Colhedoras de Algodão
(Winslow Homer:
pintor norte-americano)
Referência:
MILANO, Dante. Os trabalhos do
mundo. In: __________. Poesias. Rio
de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1948. p. 75.
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